quarta-feira, 19 de setembro de 2012

'Esse é o momento que o Brasil tem a maior chance', diz Miriam Leitão


Edição do dia 19/09/2012
19/09/2012 10h21 - Atualizado em 19/09/2012 10h21


A comentarista afirma que, apesar do aumento do número de jovens no mercado de trabalho, a taxa de desemprego ainda é muito alta. Isso atrapalha, pois poderiam usar esses jovens para dar um salto.

Miriam Leitão
É uma boa notícia do mercado de trabalho, principalmente pelo aumento do número de jovens empregados. Mas poderia ser um pouco maior o número de jovens empregados. Na verdade, o Brasil precisa criar essa quantidade de emprego – dois milhões – por ano, porque são dois milhões de jovens que chegam no mercado de trabalho todo ano. Esse dado de crescimento é de jovens de 16 e 17 anos, mas o mais importante é que eles estivessem estudando, na verdade. Então, se trabalham, também têm que estudar. E tem a geração que não faz nenhum dos dois, é um dado muito importante e preocupante. Eu acompanho esses dados com muita preocupação. São 20% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos que nem estudam nem trabalham. É a geração nem-nem, estão em casa, sem se preparar para entrar no mercado de trabalho. E tem outra coisa: mesmo aumentando a oferta de emprego para jovens, o desemprego no Brasil entre os jovens é muito alto.
Isso preocupa, porque esse é o momento em que o país tem a maior chance. É quando há muitos jovens entrando no mercado de trabalho, e a maior parte da população está na idade produtiva. O Brasil está passando por esse momento agora. Mas ele vai acabar daqui a 15 anos, e se a gente não preparar os jovens para o mercado de trabalho, aproveitar a energia que eles têm e produzem ao entrar na área produtiva, a gente pode perder uma geração inteira e a chance de dar um salto. A Coreia do Sul deu um salto justamente em um momento como esse. Em um momento como esse, ter 13% de desemprego de jovens e 20% que não estudam nem trabalham é muito preocupante.
Só uma coisa sobre mulher: tudo bem que melhorou um pouquinho o salário de mulher, mas elas ainda ganham 30% a menos que os homens. Isso ainda está longe de chegar perto. E as mulheres têm escolaridade maior que dos homens.

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