quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O cão atacou. E agora?



Menina de 2 anos foi mordida por pitbull da família e está hospitalizada

Uma menina de 2 anos estava no pátio da casa onde mora com os pais, no Parque Pinheiro Machado, provavelmente, acreditando ser um lugar seguro, quando foi atacada por um dos dois pitbulls da família na noite da última quarta-feira. Segundo relatos de vizinhos que presenciaram o fato, o cão mordeu e ficou segurando a criança na região entre o pescoço e a cabeça. Na tentativa de fazer com que o animal largasse a menina, a mãe, que está grávida, tentou puxar a filha. Já o vizinho, para impedir que o cachorro matasse a menina, golpeou o bicho com um facão.

O Diário ouviu um especialista para saber como as pessoas devem proceder diante do ataque de um cão feroz. Até o fechamento desta edição, a menina permanecia internada no Pronto-Socorro Pediátrico do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) em situação estável.

O pedreiro Gilson Dias de Freitas, 36 anos, descansava na sala de casa, depois de mais um dia de trabalho, quando ouviu os gritos de socorro da vizinha da casa ao lado. Ao chegar à porta, deparou com o cão com a criança na boca. Ele pediu que sua mulher alcançasse o facão, pulou o portão da frente da casa do vizinho e golpeou o cachorro.

– Não pensei duas vezes, era o cachorro ou a criança – disse Freitas.

Com os golpes (o pedreiro não soube precisar quantos), o animal teve a coluna quebrada, soltou a menina e acabou sendo morto. A criança foi socorrida por vizinhos e levada ao Pronto-Atendimento do bairro Tancredo Neves, de onde foi transferida, de ambulância, para o Hospital Universitário.

Pitbull seria criado solto no pátio e já teria matado um cachorro
 

Segundo o veterinário Saulo Tadeu Lemos Pinto Filho, professor na clínica de pequenos animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a maior parte do comportamento que um cão tem, ele aprende com o dono. A tendência é que animais criados presos sejam mais ferozes do que aqueles que ficam soltos.

Neste caso, conforme os vizinhos, os animais – um casal de cães da raça pitbull – eram criados soltos no pátio. O macho já teria histórico de agressividade:

– Anos atrás, ele matou o cachorro de um vizinho. A Justiça determinou que ele (o dono do cão e pai da menina) fizesse um canil para guardar os bichos, mas ele não os deixava lá, estavam sempre soltos – disse Quetlin Farias, 30 anos, mulher de Freitas, que teme pela segurança dos filhos de 9, 5 e 1 ano.

Outra vizinha que viu o ataque também disse ter medo dos cães:

– Assisti à cena e aquilo me marcou muito. Não consegui dormir à noite. Foi muito triste – comentou a doméstica Cerli Rodrigues, 56.

O delegado Marcos Viana, substituto na Delegacia de Polícia de Proteção à Criança e ao Adolescente, abriu inquérito ontem para investigar as circunstâncias do incidente. Ele quer saber se houve negligência por parte dos pais da menina:

– Os pais têm responsabilidade em relação aos filhos. Uma omissão pode caracterizar lesão corporal culposa, quando não há intenção.

O delegado disse ainda que, se ficar confirmado que a Justiça havia determinado que os cães fossem mantidos em canil e que eles não estavam nesse local, os pais também podem responder por descumprimento de ordem judicial. A família não quis comentar o caso.

LIZIE.ANTONELLO@DIARIOSM.COM.BR
LIZIE ANTONELLO

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