São Paulo tem cenário de destruição depois de atos de vandalismo. Lojas foram saqueadas depois de a sede da prefeitura ser depredada por grupo que participou da manifestação
CLEIDE CARVALHO
SÉRGIO ROXO
THIAGO HERDY
O GLOBO
Atualizado:19/06/13 - 9h10
Agência do Itaú, no centro de SP, foi alvo de ataque
Eliaria Andrade / Ag. O Globo
SÃO PAULO - O Centro de São Paulo amanheceu nesta quarta-feira com um rastro de destruição provocado por atos de vandalismo praticados por um grupo que participava da manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus. Nos arredores da prefeitura, pelo menos 15 lojas foram alvo de saques. Agências bancárias também foram atacadas. Houve tentativa de destruir caixas eletrônicos para roubar dinheiro.
O cenário de destruição assustou quem passou pelo centro de São Paulo ou quem chegou para trabalhar na manhã desta quarta-feira. Por volta de 8h, funcionários recolhiam os sacos das vidraças da sede da prefeitura, que também foi pichada com frases "Haddad Covarde" e "A culpa é de quem?". A cabine da Policia Militar ao lado do prédio foi totalmente quebrada e queimada. Grades do chão foram retiradas.
As duas agências do Banco Itaú - na rua Libero Badaró e na praça do Patriarca - foram depredadas e roubadas. Computadores e tudo o que estava sobre as mesas foram levados. A loja Marisa, do outro lado da rua, foi saqueada.
No começo da manhã, funcionários do Itaú recolhiam pertences pessoal do que restou da mesa. Tapumes foram colocados na fachada, antes de vidro.
- Isso é um absurdo. Manifestação é com palavras, com a boca - disse Graziela Martins, funcionária do banco, ao chegar para o trabalho, e ver, horrorizada a agência destruída.
Michele Castro, que trabalha numa empresa de cobrança na mesma rua, espantada com a situação, condenou o vandalismo.
- Isso não vai resolver nada. Não tem que aumentar a passagem de ônibus, mas o que o banco tem a ver com isso? As coisas não se resolvem assim - falou Michele.
Gisele de Carvalho, que trabalha na BMF Bovespa, disse que apoia a causa das manifestações, mas não os atos de vandalismo
- A manifestação é justa. O Brasil está cansado de corrupção, mas eu não esperava ver isso. Roubar e destruir não ajudam em nada. Só pioram as coisas.
Na terça-feira, o GLOBO acompanhou um saque em uma loja de tênis na Rua São Bento. Depois de destruírem a porta de ferro com um pé de cabra, o bando invadiu o estabelecimento e saiu de lá com vários pares nas mãos. Um rapaz jovem, aproveitou e trocou o tênis na frente da loja, deixando o calçado que usava para trás.
Os sons das sirenes dos alarmes dos estabelecimentos violados se misturavam na Rua São Bento. Cerca de 50 metros adiante, o alvo foi uma loja de celulares. Segundo o segurança, que não quis se identificar, todos os aparelhos que estavam em exposição foram levados.
- Eu me tranquei no estoque. Eles só não levaram mais porque não conseguiram entrar lá - disse.
Pelas ruas, era possível ver pessoas carregando televisões, roupas e outros equipamentos eletrônicos. Quatro saqueadores, foram presos ao se depararem com policiais que protegiam a sede da Secretaria de Segurança Pública, localizada na região.
Os saques foram o ato final de uma guerra que dominou o Centro de São Paulo por mais de duas horas. Sem a interferência da polícia, a região virou uma praça de guerra.
Sem Comando
Quando os manifestantes ainda se concentravam na Praça da Sé, um grupo, sem a coordenação do Movimento Passe Livre (MPL), saiu pela Rua Benjamin Constant. Gabriel Simeone, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto( MTST), ainda tentou assumir o comando. Mas quando os manifestantes passaram na frente da prefeitura, a maioria parou no local. Os manifestantes que carregavam a faixa principal da passeata seguiram em frente, mas, quando se deram conta, estavam sozinhos. Homens da Guarda Civil Metropolitana (GCM) guardavam o prédio. Grades haviam sido colocadas na calçada para manter os manifestantes distantes.
O público foi aumentando minuto a minuto. Depois de cerca de meia hora, os manifestantes ultrapassaram as grades e se aproximaram da entrada do prédio. Houve uma primeira tentativa de invasão, repelida pelos GCMs com gás pimenta. Mas na segunda tentativa, não foi possível conter o bando enfurecido. Os guardas recuaram, fugiram para dentro do prédio, e acionaram um dispositivo que fez subir uma grade de ferro automática. A grade evitou invasões, mas não protegia os vidros do edifício. Munidos de pedras, bombas e das próprias grades que estavam na calçada para isolar o edifício, inciaram o quebra-quebra.
Minutos depois, um grupo se colocou na frente do prédio disposto a evitar a depredação.
- Sem vandalismo - gritavam.
- Sem moralismo - respondiam os que estavam dispostos a partir para o ataque.
Estratégia
A cerca de um quilômetro e meio da prefeitura de São Paulo, milhares de manifestantes seguiam a faixa oficial da passeata do Movimento Passe Livre, pela sexta vez seguida sob a condução do negociador do MPL, Matheus Freis, cercado por três PMs em contato com o comando geral da corporação.
O grupo seguia em direção à Avenida do Estado e à Marginal Tietê, alvo inicial dos protestos, quando foi informado sobre a insistência de outros milhares que focavam a prefeitura como alvo prioritário da noite. Sentados no asfalto do viaduto 25 de março, após breve votação por consenso, decidiram desviar a rota e voltar ao Centro.
- Eu queria ir pela marginal, mas o povo decidiu ir para a prefeitura, não temos como agir de forma diferente - explicou o estudante de história da USP Caio Martins, liderança do MPL, que já sabia do início dos problemas em frente à sede municipal.
Mas, o que poderia virar problema, transformou-se em (parte da) solução.
Com a ajuda dos três policiais militares, de boné, que o acompanhavam, Freis abriu caminho em meio aos manifestantes em frente à prefeitura e puxou um novo cordão em direção à Avenida Consolação, a mesma que havia sido palco de guerra entre polícia e manifestantes na quinta-feira.
Milhares seguiram em paz até a Avenida Paulista, sob o aceno de pessoas com bandeiras brancas nas janelas. Quem queria confusão, ficou para ver a região central virar palco de guerra. No final, os defensores da paz desistiram de conter o bando enfurecido.
Poste Vira Arma
A chuva de pedras contra o prédio parecia que nunca teria fim. Foi quando o grupo disposto a vandalizar, a maioria com os rostos cobertos, resolveu tentar forçar a entrada na prefeitura por uma porta de madeira lateral. Primeiro, arrancaram da calçada um poste de metal que segurava uma placa de trânsito e, com ele, tentaram abrir caminho para a invasão. De dentro do prédio, os funcionários da prefeitura olhavam pelas janelas perplexos. O prefeito Fernando Haddad (PT) havia saído antes do protesto começar. Os servidores que não tinham encerrado o expediente mais cedo ficaram trancados por horas no local sem poder sair.
Apesar da insistência, a porta não caiu. Simultaneamente, um outro grupo começou a depredar um furgão da TV Record. Depois de tentarem virar o veículo, resolveram colocar fogo. O furgão ficou totalmente destruído. Uma guarita da Polícia Militar, que já estava desocupada na hora que os manifestantes chegaram, também foi depredada e incendiada.
os vândalos, alguns punks, agiam livremente sem serem incomodados pela polícia. Assim, resolveram voltar o alvo para uma agência bancária do outro lado da rua. Chegaram a tentar entrara num prédio invadido, mas foram contidos. Eram comuns as brigas dentro do próprio grupo que que praticava os atos de vandalismo.
O cenário de guerra foi se espalhando. Tirando os envolvidos no vandalismo e os repórteres, poucos se arriscavam a andar pela região. A gestora pública Maira de Lourdes Oliveira, de 67 anos, era uma das corajosas.
- Vim porque queria participar um momento histórico do meu país. Mas esses que estão aí não são manifestantes. São bandidos, vândalos.
Só duas horas depois do início do quebra-quebra, é que os primeiros homens da PM chegaram. Vinte deles, sem escudos, foram colocados para correr pelos manifestantes. Cerca de 20 minutos depois, chegou um grupo da Força Tática, com escudos e bombas de gás. Por alguns minutos, conseguiram dispersar e paralisar os saques, que, no entanto, começaram logo em seguida.
Verde e Amarelo
Na Avenida Paulista, a manifestação seguia pacífica. A cidade estava partida. A exemplo do que ocorrera no dia anterior, a presença das cores da bandeira do Brasil pintadas nos rostos, camisetas e faixas ampliava ainda mais o propósito do ato. Mais do que brigar pela redução da tarifa, estar ali era algo tratado como um ato civismo.
Camisetas brancas com três entre os termos mais citados no Twitter de terça-feira (# Não são só R$0,20, #Vem pra rua e # Verás que um filho teu não foge à luta) eram vendidas pelas empresárias Andrea Miranda, de 42 anos, e Sanny Toyar, de 41, que lucravam com a festa.
- Estávamos fazendo um curso e precisávamos inventar uma empresa em menos de 24 horas. Não foi tão difícil assim escolher - disse Sanny, dona de uma loja de pijamas online.
Em menos de uma hora de chegada na festa, a dupla já havia vendido 10 de 60 camisetas.
- Vamos vender tudo hoje - previa Andrea, que tem empresa de software.
Uma fila com pelo menos 25 pessoas se formava perante o engenheiro civil Marco Aurélio do Nascimento, de 20 anos. Com um dedo em cada pote de tinta, um verde e outro amarelo, ele desenhava nos rostos as duas faixas semelhantes ao símbolo das "caras pintadas" do impeachment de Collor, de 21 anos atrás.
- Já não é mais a luta por R$ 0,20. Isso ele já vai ter que fazer. Este é um grande protesto contra a corrupção - disse o rapaz, eleitor de Geraldo Alckmin (PSDB) e de Dilma Rousseff (PT), que naquela noite contabilizara pelo menos 200 pessoas que haviam ganhado seu desenho no rosto.
SÃO PAULO - O Centro de São Paulo amanheceu nesta quarta-feira com um rastro de destruição provocado por atos de vandalismo praticados por um grupo que participava da manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus. Nos arredores da prefeitura, pelo menos 15 lojas foram alvo de saques. Agências bancárias também foram atacadas. Houve tentativa de destruir caixas eletrônicos para roubar dinheiro.
O cenário de destruição assustou quem passou pelo centro de São Paulo ou quem chegou para trabalhar na manhã desta quarta-feira. Por volta de 8h, funcionários recolhiam os sacos das vidraças da sede da prefeitura, que também foi pichada com frases "Haddad Covarde" e "A culpa é de quem?". A cabine da Policia Militar ao lado do prédio foi totalmente quebrada e queimada. Grades do chão foram retiradas.
As duas agências do Banco Itaú - na rua Libero Badaró e na praça do Patriarca - foram depredadas e roubadas. Computadores e tudo o que estava sobre as mesas foram levados. A loja Marisa, do outro lado da rua, foi saqueada.
No começo da manhã, funcionários do Itaú recolhiam pertences pessoal do que restou da mesa. Tapumes foram colocados na fachada, antes de vidro.
- Isso é um absurdo. Manifestação é com palavras, com a boca - disse Graziela Martins, funcionária do banco, ao chegar para o trabalho, e ver, horrorizada a agência destruída.
Michele Castro, que trabalha numa empresa de cobrança na mesma rua, espantada com a situação, condenou o vandalismo.
- Isso não vai resolver nada. Não tem que aumentar a passagem de ônibus, mas o que o banco tem a ver com isso? As coisas não se resolvem assim - falou Michele.
Gisele de Carvalho, que trabalha na BMF Bovespa, disse que apoia a causa das manifestações, mas não os atos de vandalismo
- A manifestação é justa. O Brasil está cansado de corrupção, mas eu não esperava ver isso. Roubar e destruir não ajudam em nada. Só pioram as coisas.
Na terça-feira, o GLOBO acompanhou um saque em uma loja de tênis na Rua São Bento. Depois de destruírem a porta de ferro com um pé de cabra, o bando invadiu o estabelecimento e saiu de lá com vários pares nas mãos. Um rapaz jovem, aproveitou e trocou o tênis na frente da loja, deixando o calçado que usava para trás.
Os sons das sirenes dos alarmes dos estabelecimentos violados se misturavam na Rua São Bento. Cerca de 50 metros adiante, o alvo foi uma loja de celulares. Segundo o segurança, que não quis se identificar, todos os aparelhos que estavam em exposição foram levados.
- Eu me tranquei no estoque. Eles só não levaram mais porque não conseguiram entrar lá - disse.
Pelas ruas, era possível ver pessoas carregando televisões, roupas e outros equipamentos eletrônicos. Quatro saqueadores, foram presos ao se depararem com policiais que protegiam a sede da Secretaria de Segurança Pública, localizada na região.
Os saques foram o ato final de uma guerra que dominou o Centro de São Paulo por mais de duas horas. Sem a interferência da polícia, a região virou uma praça de guerra.
Sem Comando
Quando os manifestantes ainda se concentravam na Praça da Sé, um grupo, sem a coordenação do Movimento Passe Livre (MPL), saiu pela Rua Benjamin Constant. Gabriel Simeone, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto( MTST), ainda tentou assumir o comando. Mas quando os manifestantes passaram na frente da prefeitura, a maioria parou no local. Os manifestantes que carregavam a faixa principal da passeata seguiram em frente, mas, quando se deram conta, estavam sozinhos. Homens da Guarda Civil Metropolitana (GCM) guardavam o prédio. Grades haviam sido colocadas na calçada para manter os manifestantes distantes.
O público foi aumentando minuto a minuto. Depois de cerca de meia hora, os manifestantes ultrapassaram as grades e se aproximaram da entrada do prédio. Houve uma primeira tentativa de invasão, repelida pelos GCMs com gás pimenta. Mas na segunda tentativa, não foi possível conter o bando enfurecido. Os guardas recuaram, fugiram para dentro do prédio, e acionaram um dispositivo que fez subir uma grade de ferro automática. A grade evitou invasões, mas não protegia os vidros do edifício. Munidos de pedras, bombas e das próprias grades que estavam na calçada para isolar o edifício, inciaram o quebra-quebra.
Minutos depois, um grupo se colocou na frente do prédio disposto a evitar a depredação.
- Sem vandalismo - gritavam.
- Sem moralismo - respondiam os que estavam dispostos a partir para o ataque.
Estratégia
A cerca de um quilômetro e meio da prefeitura de São Paulo, milhares de manifestantes seguiam a faixa oficial da passeata do Movimento Passe Livre, pela sexta vez seguida sob a condução do negociador do MPL, Matheus Freis, cercado por três PMs em contato com o comando geral da corporação.
O grupo seguia em direção à Avenida do Estado e à Marginal Tietê, alvo inicial dos protestos, quando foi informado sobre a insistência de outros milhares que focavam a prefeitura como alvo prioritário da noite. Sentados no asfalto do viaduto 25 de março, após breve votação por consenso, decidiram desviar a rota e voltar ao Centro.
- Eu queria ir pela marginal, mas o povo decidiu ir para a prefeitura, não temos como agir de forma diferente - explicou o estudante de história da USP Caio Martins, liderança do MPL, que já sabia do início dos problemas em frente à sede municipal.
Mas, o que poderia virar problema, transformou-se em (parte da) solução.
Com a ajuda dos três policiais militares, de boné, que o acompanhavam, Freis abriu caminho em meio aos manifestantes em frente à prefeitura e puxou um novo cordão em direção à Avenida Consolação, a mesma que havia sido palco de guerra entre polícia e manifestantes na quinta-feira.
Milhares seguiram em paz até a Avenida Paulista, sob o aceno de pessoas com bandeiras brancas nas janelas. Quem queria confusão, ficou para ver a região central virar palco de guerra. No final, os defensores da paz desistiram de conter o bando enfurecido.
Poste Vira Arma
A chuva de pedras contra o prédio parecia que nunca teria fim. Foi quando o grupo disposto a vandalizar, a maioria com os rostos cobertos, resolveu tentar forçar a entrada na prefeitura por uma porta de madeira lateral. Primeiro, arrancaram da calçada um poste de metal que segurava uma placa de trânsito e, com ele, tentaram abrir caminho para a invasão. De dentro do prédio, os funcionários da prefeitura olhavam pelas janelas perplexos. O prefeito Fernando Haddad (PT) havia saído antes do protesto começar. Os servidores que não tinham encerrado o expediente mais cedo ficaram trancados por horas no local sem poder sair.
Apesar da insistência, a porta não caiu. Simultaneamente, um outro grupo começou a depredar um furgão da TV Record. Depois de tentarem virar o veículo, resolveram colocar fogo. O furgão ficou totalmente destruído. Uma guarita da Polícia Militar, que já estava desocupada na hora que os manifestantes chegaram, também foi depredada e incendiada.
os vândalos, alguns punks, agiam livremente sem serem incomodados pela polícia. Assim, resolveram voltar o alvo para uma agência bancária do outro lado da rua. Chegaram a tentar entrara num prédio invadido, mas foram contidos. Eram comuns as brigas dentro do próprio grupo que que praticava os atos de vandalismo.
O cenário de guerra foi se espalhando. Tirando os envolvidos no vandalismo e os repórteres, poucos se arriscavam a andar pela região. A gestora pública Maira de Lourdes Oliveira, de 67 anos, era uma das corajosas.
- Vim porque queria participar um momento histórico do meu país. Mas esses que estão aí não são manifestantes. São bandidos, vândalos.
Só duas horas depois do início do quebra-quebra, é que os primeiros homens da PM chegaram. Vinte deles, sem escudos, foram colocados para correr pelos manifestantes. Cerca de 20 minutos depois, chegou um grupo da Força Tática, com escudos e bombas de gás. Por alguns minutos, conseguiram dispersar e paralisar os saques, que, no entanto, começaram logo em seguida.
Verde e Amarelo
Na Avenida Paulista, a manifestação seguia pacífica. A cidade estava partida. A exemplo do que ocorrera no dia anterior, a presença das cores da bandeira do Brasil pintadas nos rostos, camisetas e faixas ampliava ainda mais o propósito do ato. Mais do que brigar pela redução da tarifa, estar ali era algo tratado como um ato civismo.
Camisetas brancas com três entre os termos mais citados no Twitter de terça-feira (# Não são só R$0,20, #Vem pra rua e # Verás que um filho teu não foge à luta) eram vendidas pelas empresárias Andrea Miranda, de 42 anos, e Sanny Toyar, de 41, que lucravam com a festa.
- Estávamos fazendo um curso e precisávamos inventar uma empresa em menos de 24 horas. Não foi tão difícil assim escolher - disse Sanny, dona de uma loja de pijamas online.
Em menos de uma hora de chegada na festa, a dupla já havia vendido 10 de 60 camisetas.
- Vamos vender tudo hoje - previa Andrea, que tem empresa de software.
Uma fila com pelo menos 25 pessoas se formava perante o engenheiro civil Marco Aurélio do Nascimento, de 20 anos. Com um dedo em cada pote de tinta, um verde e outro amarelo, ele desenhava nos rostos as duas faixas semelhantes ao símbolo das "caras pintadas" do impeachment de Collor, de 21 anos atrás.
- Já não é mais a luta por R$ 0,20. Isso ele já vai ter que fazer. Este é um grande protesto contra a corrupção - disse o rapaz, eleitor de Geraldo Alckmin (PSDB) e de Dilma Rousseff (PT), que naquela noite contabilizara pelo menos 200 pessoas que haviam ganhado seu desenho no rosto.
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