Esta semana ouvi de várias pessoas, censuras por ter entrado no mato no episódio da tentativa de estupro. "Porque vc entrou no mato? O cara podia ter arma, vc podia ter morrido, o que há de errado com vc, quer morrer?". Um colega de profissão horrorizado e de olhos arregalados disse: "Eu jamais entraria lá!". Pensei comigo: Guardinha de merda! Isso me lembrou quando tinha 15 anos. A casa de um vizinho de quadra pegava fogo, as telhas estouravam com o calor. Alguém disse: "Acho que estão nos fundos". Um homem adulto, meteu o pé na porta e entrou correndo, outro foi atrás, e como a familia era composta de tres pessoas, fui também. Ninguém estava em casa, o fogo lambia e tisnava as paredes, o calor ardia na pele. Em menos de 1 minuto entramos e saímos. Lembro dos olhos arregalados que nos diziam: Loucos!
Como ninguém ligou pros bombeiros, foi perda total. O seguro cobriu a casa. Ninguém morreu graças a Deus. Mas a partir dali, durante a vida, pude ver que eu não era normal. Os normais dormem tranquilos depois de ouvirem gritos de desespero, enquanto a lamina corta a carne, ou o membro profana a intimidade invadida, ou a carne incinera pelo calor. Nem ligam pro 190, ou pro 193, ou pro samu. Nem isso. Apenas assistem enquanto a vida se vai. E dormem tranquilos. Aí percebi: não sou normal, devo ter alguma doença mental ou algo do tipo. Preciso de cura, senão vou morrer. É o que dizem eles...
Eu ainda fico indignado pelas pessoas acharem loucura ajudar os outros. Ninguém questiona um policial ou um bombeiro por arriscar a vida, mas em falta de um uniformizado porque não podemos agir? Se viu a necessidade atenda!
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