Obra aborda acidente aos 14 anos, recuperação e como se tornou psicólogo que atende jovens com dramas iguais ao seu
25 de novembro de 2012 | 2h 09
CLARISSA THOMÉ / RIO - O Estado de S.Paulo
Veja também:
Levar pacientes alcoolizados ao pronto-socorro não é o ideal, aponta estudo
Lei fixa prazo de 60 dias para início do tratamento do câncer
FACEBOOK: Curta a página Ciência e Saúde Estadão
Levar pacientes alcoolizados ao pronto-socorro não é o ideal, aponta estudo
Lei fixa prazo de 60 dias para início do tratamento do câncer
FACEBOOK: Curta a página Ciência e Saúde Estadão
Wilton Junior/Estadão
O psicólogo Messias: recuperação inesperada
Messias Fernandes tinha 14 anos quando um mergulho no rio provocou fraturas em quatro vértebras cervicais e tirou-lhe os movimentos abaixo do pescoço. O socorro não poderia ser mais desastroso: foi puxado pelos braços e pelas pernas; carregado em carrinho de mão, que trepidou por ruas de terra; transportado no banco traseiro de um Fusca, com a cabeça no colo de uma prima. Dois hospitais negaram-lhe o mais básico atendimento - imobilizar seu pescoço.
Quando chegou ao Hospital Municipal Salgado Filho, soube do médico que a medula estava gravemente comprimida. "Se mexer demais o pescoço, você pode morrer", disse o médico. Tinha tudo para dar errado. Mas Messias conta essa história caminhando pelo Jardim Botânico, ainda que com dificuldade.
Contrariando os pareceres médicos, conseguiu ser operado. Fez fisioterapia na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) por 19 meses, 8 dos quais internado. E saiu dali andando, com a promessa de que voltaria. Hoje é psicólogo da instituição, onde atende jovens com histórias parecidas com a sua. Aos 31 anos, prepara-se para lançar o livroRenascendo de um Mergulho, pela editora Livros Ilimitados, no dia 3 de dezembro, Dia Internacional da Pessoa Portadora de Deficiência.
O acidente ocorreu em fevereiro de 1995, quatro dias depois de Messias completar 14 anos. O pernambucano de Bom Jardim passava férias na casa de parentes, em Magé, na Baixada Fluminense, e mergulhou num rio. "Senti o impacto na hora, pensei que alguém tinha colocado uma pedra sobre o meu peito, e só a cabeça estava livre." A prima Daniele o encontrou na margem do rio. E improvisou o resgate.
No Salgado Filho, recebeu o diagnóstico de que havia fraturado as vértebras C3, C4, C5 e C6 e a informação de que os médicos nada podiam fazer. Foram 23 dias de internação. A alta veio com a recomendação de que buscasse atendimento na ABBR, entidade reconhecida pela excelência em reabilitação, que atende pelo SUS.
Mas a lesão não estava estabilizada e uma especialista indicou o ortopedista Deusdeth Gomes do Nascimento, especialista em cirurgia de coluna. "Minha primeira avaliação foi de que era irreversível. Mas fiquei com aquilo na cabeça. Era um garoto, alguma coisa tinha de ser feita", conta Nascimento, hoje presidente da ABBR.
O médico teve de convencer a própria equipe de que a cirurgia seria possível. Descomprimiu a medula, fixou as vértebras com enxerto ósseo e placa de titânio. Nada foi cobrado pela cirurgia. Dois meses depois, o estudante voltava ao consultório do especialista caminhando. "É uma cena que você não esquece. Esse caso do Messias exige reflexão: sempre vale a pena tentar."
O livro trata das dificuldades de Messias na reabilitação; o desafio de aprender a escrever com a mão esquerda - foi um ano de treinamento até voltar à escola -; a árdua rotina que incluía trabalho, dois estágios e faculdade.
Como psicólogo, tenta mostrar para os médicos que eles não "trabalham no terreno da certeza". "O discurso precisa ser técnico, mas muitas vezes o paciente não está preparado para ouvir. Alguns médicos, diante da própria impotência, usam esse discurso de que não há mais saída. Ninguém tem o direito de tirar a esperança do outro."
Quando chegou ao Hospital Municipal Salgado Filho, soube do médico que a medula estava gravemente comprimida. "Se mexer demais o pescoço, você pode morrer", disse o médico. Tinha tudo para dar errado. Mas Messias conta essa história caminhando pelo Jardim Botânico, ainda que com dificuldade.
Contrariando os pareceres médicos, conseguiu ser operado. Fez fisioterapia na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) por 19 meses, 8 dos quais internado. E saiu dali andando, com a promessa de que voltaria. Hoje é psicólogo da instituição, onde atende jovens com histórias parecidas com a sua. Aos 31 anos, prepara-se para lançar o livroRenascendo de um Mergulho, pela editora Livros Ilimitados, no dia 3 de dezembro, Dia Internacional da Pessoa Portadora de Deficiência.
O acidente ocorreu em fevereiro de 1995, quatro dias depois de Messias completar 14 anos. O pernambucano de Bom Jardim passava férias na casa de parentes, em Magé, na Baixada Fluminense, e mergulhou num rio. "Senti o impacto na hora, pensei que alguém tinha colocado uma pedra sobre o meu peito, e só a cabeça estava livre." A prima Daniele o encontrou na margem do rio. E improvisou o resgate.
No Salgado Filho, recebeu o diagnóstico de que havia fraturado as vértebras C3, C4, C5 e C6 e a informação de que os médicos nada podiam fazer. Foram 23 dias de internação. A alta veio com a recomendação de que buscasse atendimento na ABBR, entidade reconhecida pela excelência em reabilitação, que atende pelo SUS.
Mas a lesão não estava estabilizada e uma especialista indicou o ortopedista Deusdeth Gomes do Nascimento, especialista em cirurgia de coluna. "Minha primeira avaliação foi de que era irreversível. Mas fiquei com aquilo na cabeça. Era um garoto, alguma coisa tinha de ser feita", conta Nascimento, hoje presidente da ABBR.
O médico teve de convencer a própria equipe de que a cirurgia seria possível. Descomprimiu a medula, fixou as vértebras com enxerto ósseo e placa de titânio. Nada foi cobrado pela cirurgia. Dois meses depois, o estudante voltava ao consultório do especialista caminhando. "É uma cena que você não esquece. Esse caso do Messias exige reflexão: sempre vale a pena tentar."
O livro trata das dificuldades de Messias na reabilitação; o desafio de aprender a escrever com a mão esquerda - foi um ano de treinamento até voltar à escola -; a árdua rotina que incluía trabalho, dois estágios e faculdade.
Como psicólogo, tenta mostrar para os médicos que eles não "trabalham no terreno da certeza". "O discurso precisa ser técnico, mas muitas vezes o paciente não está preparado para ouvir. Alguns médicos, diante da própria impotência, usam esse discurso de que não há mais saída. Ninguém tem o direito de tirar a esperança do outro."
Nenhum comentário:
Postar um comentário