Na esteira do sucesso das publicações de mangás no Brasil, a revista O Pequeno Ninja mangá, publicada pela Cristal Editora Distribuidora e Comércio Ltda., retoma, no estilo dos quadrinhos japoneses, uma personagem já anteriormente publicado no país.
Destinado ao público infantil, com temáticas simples e histórias que procuram misturar ações movimentadas e alguns toques de humor, o Pequeno Ninja retoma suas aventuras depois de mais de dez anos de silêncio. Desta vez, os responsáveis pelas histórias do jovem mascarado são João Costa (roteiro), Bruno Paiva (desenho), Sandro Moura e Adilson Lima (arte-final), Fabiano Moura e Marcelo Costa (Cor) e André Oliveira (Diagramação).
Alguns leitores mais atentos, que acompanham já há algum tempo as revistas infantis brasileiras, por certo ainda se lembram das revistas O Pequeno Ninja (julho a outubro de 1990), As aventuras do Pequeno Ninja (março a setembro de 1991) e Almanaque do Pequeno Ninja (dezembro de 1991 a março de 1992), todas publicadas pela Ninja Comércio e Distribuidora Ltda. Nenhuma delas, infelizmente, conseguiu passar do sexto número, talvez devido ao excesso de revistas infantis disponíveis na época, com títulos como Os Trapalhões, Aventuras dos Trapalhões, O melhor de Pica-Pau, Luluzinha, Bolinha, O melhor de Pernalonga, Leandro e Leonardo, O melhor de Tom & Jerry, para apenas citar alguns. Naquela enorme variedade de títulos, o Pequeno Ninja e seus amigos passavam facilmente despercebidos, pois nada tinham para destacá-los, fosse em termos de roteiros como de desenhos. Simplesmente acompanhavam o modelo predominante na época.
Nessa nova empreitada editorial, nada aparentemente mudou: a personagem continua seguindo o modelo predominante no mercado. E nada mais. Seus olhos ficaram um pouco mais amendoados, os coadjuvantes tornaram-se talvez mais grotescos, as palhaçadas do cachorro Shaken, seu fiel companheiro de lutas, são ainda mais exageradas, aproximando-o mais dos elementos caricaturais tão familiares aos leitores de mangás.
O formato da página e a utilização de onomatopéias também buscam duplicar o estilo dessas publicações, ainda que o ritmo de leitura seja muito mais lento e tampouco os autores tenham ousado dispor os quadrinhos seguindo a ordem tradicional dos quadrinhos orientais, ou seja, da direita para a esquerda. No entanto, talvez tenha faltado pouco para isso, pelo que se pode notar no que diz respeito às onomatopéias utilizadas na revista, que os autores tiveram o cuidado de adaptar para a escrita japonesa, enchendo os quadrinhos de caracteres em katakana.
O acerto dessa decisão é bastante discutível, pois tiveram que acrescentar ao quadrinho, como o fazem os editores de mangás originais traduzidos ao português, a transcrição equivalente em alfabeto romano. O resultado, além de excesso de trabalho para os artistas, que tiveram que buscar em revistas japonesas as onomatopéias apropriadas para os sons que pretendiam representar, foi uma poluição visual provavelmente desnecessária. Teria sido mais lógico colocar as onomatopéias diretamente em nosso alfabeto, retomando a função original delas, ou seja, fazer a representação por escrito de um determinado som, adaptando-o aos ouvidos daqueles que realizam a leitura. Nossos olhos ocidentais dificilmente conseguem transformar as representações em katakana em qualquer tipo de som e as transcrições ao lado ou ao pé do quadrinho pouco ajudam nesse sentido, pois representam a forma como os japoneses ouvem.
Em formatinho, O Pequeno Ninja Mangá tem um colorido forte e é feito em papel de boa qualidade. Com 36 páginas, incluindo as capas, o preço de R$ 1,90 também não chega a ser extorsivo.
Fonte: http://moradanerd.blogspot.com.br/
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