Corpo de PM que morreu em favela do Rio é enterrado com honras militares em São Gonçalo
Publicado: 5 de novembro de 2007 em Uncategorized
O corpo do soldado da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro Júlio César de Souza Ferreira, 34 anos, foi enterrado na tarde de ontem sob um clima de muita tristeza e indignação no Cemitério Parque Nictheroy, no bairro Vista Alegre. Centenas de pessoas, entre familiares, amigos e colegas de farda compareceram ao cortejo. Entre os presentes, o comandante geral da PMERJ, coronel Ubiratan Ângelo, o chefe do Estado Maior Geral, coronel Samuel Dionízio, o secretário de Estado de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e o comandante do 16º BPM (Olaria) – onde o soldado servia há sete meses – coronel Marcus Jardim.
A emoção tomou conta de todos que foram se despedir do policial. “Júlio, por que você me deixou? O que vai ser de mim agora”, desesperou-se a mãe, que teve que ser amparada por pára-médicos. Outros familiares do PM também precisaram receber atendimento médico, inclusive uma tia que desmaiou durante o sepultamento.
A dor e o desespero dos familiares também tocaram amigos do policial. “Onde estão os representantes das ONGs de defesa dos direitos humanos? Onde estão aqueles que sempre aparecem para julgar e condenar o policial? Onde estão os que defendem e se preocupam com os bandidos? Agora morre um policial e não há ninguém para consolar a família ou oferecer qualquer tipo de ajuda. É apenas mais um PM morto. É apenas menos um PM nas ruas”, desabafou um policial militar lotado no 12º BPM (Niterói), onde o soldado De Souza trabalhou no Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) Expediente, antes de ser transferido para o 16º BPM, para onde foi acompanhando o coronel Marcus Jardim.
O PM, que era lotado no Serviço de Inteligência (P-2) daquela unidade e morava no Gradim, morreu durante confronto com traficantes da Favela da Cidade Alta, em Cordovil, Zona Oeste do Rio, no final da tarde de sábado. Ele e seus companheiros de equipe, o cabo PM Jarbas Menezes da Costa, 35, o soldado PM José Clemildo da Silva e o cabo PM Luiz Neuber da Silva foram surpreendidos pela ação dos criminosos no momento em que realizavam trabalho de investigação. “Eles faziam operação de inteligência. Estavam preparando um levantamento para que pudessem atuar posteriormente de forma que não expusessem a riscos pessoas inocentes. Nós temos respondido toda e qualquer ousadia dentro da legalidade. E vamos responder a esta também. Toda a corporação está sentida”, declarou o coronel Ubiratan. “Infelizmente, contamos apenas com a mídia e com a população para que possamos clamar pelos direitos humanos dos nossos policiais. Nossos policiais são humanos e só quem está aqui pode sentir como é triste a dor que a morte de um policial causa a seus familiares”, destacou.
Atingido por um tiro na testa, o soldado PM De Souza foi socorrido por seus próprios companheiros e levado para o Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu ao ferimento e faleceu na unidade. O cabo PM J Costa – atingido por um tiro no abdômen – perdeu parte do intestino e, após ser operado, foi transferido para o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital da Polícia Militar (HPM), no Estácio. Ele não corre o risco de morrer. O soldado PM Clemildo – que sofreu uma queimadura na virilha provocada pelo contato da arma com sua pele no momento em que ajudava a carregar os companheiros baleados – recebeu atendimento médico e foi liberado logo depois. O cabo PM Neuber – atingido por estilhaços de granada nas nádegas – também foi medicado e recebeu alta ainda na noite de sábado.
O coronel Marcus solicita a colaboração da sociedade para que os criminosos responsáveis pelo ataque sejam localizados e presos. “No momento em que foram vítimas dessa agressão covarde, os meus policiais realizavam uma atividade de inteligência. Não era uma ação voltada para o confronto”, ressaltou o oficial. “Contamos com a população de bem para que façam denúncias. A Polícia tem que caçar esses marginais na mesma proporção. A gente não trabalha com maldade, e sim com profissionalismo. A resposta às vezes não é imediata, mas ela virá. Vamos trabalhar com equilíbrio e com razão. Se os criminosos não resistirem à prisão, serão presos. Caso resistam, vamos enfrentá-los”, enfatizou o coronel Marcus.
Os seis marginais responsáveis pelos disparos foram identificados como Mineiro, Airton, Fofito, Pato, Maurinho e Alexandre Piroca. Quem tiver qualquer informação que auxilie a Polícia a localizá-los pode ligar para 2253-1177.
Nenhum comentário:
Postar um comentário