quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Deadpool | Crítica










Anti-herói falastrão dá a volta por cima em filme sem-vergonha
O humor que tanto chama a atenção dos fãs de Deadpool vem do uso descomedido de palavrões, da violência igualmente gratuita, da quebra da quarta parede (conversando com o leitor ou, agora, espectador). O Homem-Aranha, com quem ele já divide um visual bastante semelhante, usava do humor muito antes do Deadpool ser criado por Fabian Nicieza e Rob Liefeld, exatos 25 anos atrás agora em fevereiro de 2016. A ideia do teioso era tentar desestabilizar o adversário e esconder seus temores. No caso do mercenário tagarela, é pura zoeira. 
Depois de levar uma rasteira ao ser mostrado totalmente desfigurado em X-Men Origens: Wolverine, Deadpool faz uso de seu invejável fator de cura para voltar ao cinema em um filme solo. E a zoeira é o que dá o tom desde o início. Na verdade, a zoeira e a dedicação de Ryan Reynolds, que assina como produtor e participou ativamente de toda a divulgação do filme, fazendo peças e mais peças para divulgá-lo, com trailers e comerciais em quantidades tão grandes quanto o número de palavras que sai da boca do personagem ou balas de suas armas. 
E ao mostrar tanto, acabam faltando surpresas na hora que as luzes do cinema se apagam. Sobraram ainda algumas boas piadas, mas tudo o que você imagina que vai ver no filme já foi mostrado. 
A história é aquela que foi contada inúmeras vezes em todos os vídeos até aqui: Wade Wilson (Reynolds) tem câncer e está com o pé na cova. Para tentar se curar, a única chance é se alistar em um programa  clandestino que catalisa os genes de uma pessoa até que uma mutação aconteça em seu DNA - ou ele morra. No caso de Wade, ele cria um super fator de cura que elimina o câncer. No processo, sua pele vira aquela imagem do Grand Canyon visto do Google Maps. Como o processo todo foi bastante sádico, Wade parte atrás do cara (Ed Skrein) que fez isso para se vingar - e o vilão, óbvio, pega a mulher que Wade ama (Morena Baccarin) para usar como escudo. 
Trata-se de mais um filme de origem de super-heróis. Temos ali algumas cenas de ação e um final que desnecessariamente tenta ser mais grandioso do que deveria. Na sequência teste que foi rodada para provar o potencial real do personagem (e depois refilmada para o longa-metragem), Deadpool explica que seu uniforme é vermelho para que seus adversários não vejam quando ele está sangrando. Ele complementa depois que um dos vilões, com as calças marrons, já tinha entendido o conceito. “Cagão”, o roteiro explica a citação mais tarde quando apresenta a personagem cega interpretada por Leslie Uggams. Não precisava!
Comparando com outros filmes de mesma classificação etária, Kick-Ass - Quebrando Tudo (2010) tem muito mais ação e humor, por exemplo. O que se vê na tela de Deadpool são piadas com pinto e bunda, que vão fazer a festa dos adolescentes brasileiros, que poderão ver o filme - no Brasil a classificação é 16 anos, contra o “R" nos Estados Unidos, que não deixa os menores de 18 anos assistirem ao filme sem a presença de um responsável. E é exatamente este o público que mais vai se divertir no cinema, principalmente se tiver desviado de todos os vídeos que estão online.
Se não tem vergonha de mostrar nus frontais, furos no fundo das calças e tirar sarro da própria Fox que financiou o filme, dos fracassos anteriores de Ryan Reynolds (incluindo aí Lanterna Verde, além do próprio Deadpool no citado filme do Wolverine) e dos X-Men, o filme perde alguns pontos pela falta de vontade de se arriscar mais no roteiro, tornando-se assim sem-vergonha em outro sentido também. E, convenhamos, este adjetivo certamente não é o pior que o Mercenário Tagarela já ouviu sobre a sua pessoa, né? 
Nota do crítico  (BOM)

Fonte: OMELETE.COM.BR

Nenhum comentário:

Postar um comentário