quarta-feira, 14 de agosto de 2013

ANTES DE WATCHMEN E DEPOIS DO CAVALEIRO DAS TREVAS: Por que as histórias são feitas?


watch
Por Rodrigo Garrit
E eu volto a perguntar: Quem tem medo de Alan Moore ?
Se você é um leitor que só quer ver seus personagens prediletos eternamente à sua disposição e não dá a mínima para quem os criou, provavelmente você não é o leitor que eu quero. Tenho um respeito imenso pelo meu público. Sempre que encontro estas pessoas, presumo que seja gente inteligente, com escrúpulos. Mas quem quiser comprar esses prelúdios de Watchmen estará me fazendo um grande favor se parar de comprar minhas outras obras. É óbvio que não tenho como controlar isso. Mas espero que você não vá querer comprar uma HQ sabendo que o autor tem desprezo total pela sua pessoa. Espero que isso baste.” - Alan Moore
A DC Comics anunciou o lançamento de “BEFORE WATCHMEN” – uma série de histórias com prólogos da trama principal, focando em alguns de seus personagens mais significativos:  Rorschach e Comediante  terão roteiro de Brian Azzarello e arte de Lee Bermejo e J.G. Jones respectivamente, Minutemen, roteiro e desenhos de Darwyn Cooke,  Coruja, roteiro de J. Michael Straczynski e arte de Andy e Joe Kubert,Ozymandias, roteiro de Len Wein com desenhos de Jae Lee, Dr. Manhattan, roteiro de J. Michael Straczynski e arte de Adam Hughes e Espectral com roteiros de Darwyn Cooke e desenhos de Amanda Conner. Cada edição contará ainda com histórias secundárias de duas páginas de Curse of the Crimson Corsair, (algo como “A Maldição do Corsário Rubro”) com roteiros de Len Wein (o ilustre criador de Monstro do Pântano, diga-se de passagem) e arte do ótimo John Higgins (colorista original de Watchmen).
Essas histórias já estão sendo publicadas no Brasil pela Panini, e os leitores brasileiros já podem tirar suas próprias conclusões sobre a mesma.
Esse anúncio gerou grande controvérsia nos meios quadrinhísticos, pois o autor da obra original, Alan Moore, cortou relações com a DC há anos e sempre se mostrou contrário a tudo que se pensou em fazer baseado em sua obra máxima.
Os autores se defendem das críticas alegando que Moore também já usou personagens criados por outras pessoas (o próprio Monstro do Pântano de Len Wein), e isso é uma prática normal e corriqueira nos quadrinhos. Na minha humilde opinião, Moore deveria resolver suas questões judiciais fora da mídia e não gastar essa energia na tentativa de boicote à série. Bem, obviamente Moore não tem o poder de impedir que cada fã que leia Before Watchmen não leia mais nenhuma obra dele, a menos que ele conheça algum feitiço arcano de manipulação mental, o que eu não duvidaria. Mas o fato é que a briga é entre ele e a DC, então deveria deixar os leitores fora disso. As pessoas vão escolher ler aquilo que elas quiserem, e vão gostar dos autores e das histórias que quiserem. E se houver alguém convicto de que realmente é preciso ouvir o apelo de Moore e não leia o prelúdio por causa disso, eu só posso dizer, faça aquilo que acha correto… mas se pergunte se está fazendo pelo motivo certo.
Mas vamos entender melhor o plano geral e os fatos que geraram toda essa discussão.
Antes de mais nada, quero deixar claro que sou um fã incondicional de Alan Moore. Como poderia não ser? Dentro da mídia a qual sou apaixonado, as Histórias em Quadrinhos, não é segredo que ele é um gênio. Escreve roteiros com maestria, leva seu trabalho muito a sério, é extremamente detalhista e minucioso. Suas histórias nunca são obvias, sempre desmontam nosso pensamento e nos surpreende, além de oferecer reflexão sobre os temas abordados, e nos inspirar a aprender mais sobre os assuntos que usa. Alan Moore é admirável quando escreve histórias de terror, aventuras de super-heróis, comédia ou erotismo. Tudo é feito com a precisão cirúrgica de um mestre.
Todos os trabalhos de Moore em quadrinhos se transformam em clássicos automaticamente e nunca passam despercebidos. Mesmo assim, existe um trabalho que fulgura entre as suas maiores criações e apesar da passagem das décadas, continua sendo sua obra máxima. Eu estou falando de WATCHMEN que foi publicada pela DC Comics em 1985, com desenhos de Dave Gibbons e cores de John Higgins.
Watchmen tem sua continuidade própria, independente das outras publicações da editora. Na história, passada também nos anos 80 (embora repleta de flashbacks), a sociedade evoluiu de forma diferente da nossa devido ao surgimento do Dr. Manhattan. Ele era um cientista que sofreu um acidente que o tornou virtualmente indestrutível, capaz de manipular a matéria e fazer praticamente tudo o que quiser, exceto ao que parece, manter sua própria humanidade.
Devido a intervenção do Dr. Manhattan nessa sociedade, a ciência adquiriu novas perspectivas, e atingiu avanços que vão desde a tecidos de moléculas estáveis (que um certo vigilante usaria como máscara), até a carros elétricos e outras soluções não poluentes para o crescimento urbano. Claro que a influência do avanço científico do Dr. Manhattan foi decisiva para que Daniel Dreiberg, o segundo Coruja pudesse desenvolver vários de seus apetrechos tecnológicos, o que inclui uma nave capaz de planar silenciosamente pela cidade. Mas nesse contexto também temos como pano de fundo o medo de um inimigo oculto; a guerra fria era algo vivo no inconsciente coletivo das pessoas que acreditavam que poderiam ser invadidas e atacadas pelos russos a qualquer momento, sendo Dr Manhattan sua maior segurança… desde que ele ainda se importasse… desde que ainda estivesse entre eles. Embora ele seja o único que realmente tenha superpoderes, existem dezenas de outros assim chamados “vigilantes” ou “super-heróis”, que usam trajes de combate, máscaras e contam com treinamento, coragem (e loucura?) para combater o crime.
Watchmen trata, basicamente, do fim dos super-heróis, sua decadência… suas fraquezas e sua humanidade levadas ao limite. E as consequências devastadoras de uma mente brilhante capaz de sacrificar milhares pelo bem de bilhões…
Repleta de referências, é preciso ler Watchmen várias e várias vezes para administrar todas as informações colocadas ali propositalmente pelos autores, e aquelas que acabaram por surgir espontaneamente… como ocorre frequentemente na literatura.
Durante toda a obra, Moore cita várias personalidades, de músicos a poetas, sempre no fim de cada capítulo, cujo título é um fragmento da mesma citação, e ela por sua vez, embora fora de seu contexto original, abrange os eventos relatados na narrativa.
Os personagens de Watchmen, ainda que sejam criação de Moore, foram todos propositalmente baseados nos heróis da Charlton Comics, que deveriam ter sido as estrelas do livro, mas devido a problemas relacionados aos direitos autorais, não puderam ser usados. Assim sendo, Moore adaptou a história utilizando paródias de cada um deles, alterando seus nomes e origens, mas mantendo a essência do que eles representavam.
Os heróis da Charlton Comics
Ele não poderia ter sido mais bem sucedido, e pensando bem, não consigo imaginar essa história sem os personagens tal qual foram apresentados.
Mas Alan Moore se desentendeu ferrenhamente com a DC por conta dos direitos dos personagens… naquela época, quando um escritor criava personagens para a editora, os mesmos automaticamente pertenciam a ela, conforme sempre havia sido até então, inclusive sendo previsto em um contrato que Moore admitiu ter assinado sem ler.  Um dos motivos desse grande desentendimento se dá por conta de que o tal contrato que assinou na época, estipulava que ele e Dave Gibbons teriam os direitos da obra de volta assim que Watchmen ficasse fora de catálogo, mas isso nunca aconteceu… Watchmen sempre vendeu muito e até hoje é o encadernado mais vendido da história… é relançado praticamente todo ano e sempre quebra recordes.
Curiosamente, as histórias de Moore com sua versão do Monstro do Pântano e depois as de Neil Gaiman com seu Sandman impulsionaram a criação do selo Vertigo, com histórias maduras voltadas para um público adulto, e do sistema “Creator-owned” no qual os autores ganharam participação parcial ou total sobre os personagens criados.
Quem vigia Alan Moore?
Quem teve a oportunidade de ler a última edição de “Monstro de Pântano” escrita por Moore, viu o maior tapa na cara que um homem poderia ter dado na empresa. Com argumentos brilhantes, ele desabafou tudo o que sentia e despejou todo o seu descontentamento com a administração vigente naquela época.
Mas mesmo após a mudança de administração da DC, onde foi oferecido a Moore os direitos dos personagens de volta e inclusive feitos vários outros convites, ele continuou irredutível. Existia uma condição de que ele voltasse ao universo de Watchmen, coisa que ele sempre foi contra. O que aconteceu de verdade nunca ficou muito claro, pois Moore já cedeu dezenas de entrevistas acusando a DC de não respeitar seus artistas… basicamente, ao que parece, vale aquele velho conselho: nunca assine contratos sem ler, ou sem orientação de um agente ou advogado.
Recentemente o escritor Chris Robertson, autor de “Izombe” da Vertigo, também cedeu várias entrevistas com o mesmo argumento da falta de respeito de DC com seus contratados e citou até mesmo a publicação de Before Watchmen como um dos motivos principais de seu descontentamento. Ele anunciou que terminaria apenas os projetos que havia iniciado e deixaria a empresa, mas após essas declarações públicas, acabou sendo demitido antes de finalizar suas séries. Estranho ouvir isso de alguém que é dono e tem todos os direitos de seus personagens dentro do selo Vertigo… na entrevista ele não deixa claro o motivo exato de seu descontentamento, não cita nenhum fato específico, apenas as mesmas acusações  genéricas. Então… ele apenas tomou as dores de Moore, se posicionou contra a empresa que trabalha e acabou perdendo o emprego? Eu acredito em lutar por ideais, nunca perder os princípios… mas os argumentos dele não me convencem… não estou defendendo a DC, mas quero entender o que de fato está acontecendo. Ser fã de um artista não significa que vou acreditar e apoiar tudo o que ele disser sem provas ou ao menos um testemunho de algo concreto. Ter consciência de que Alan Moore é um gênio dos quadrinhos não vai me fazer concordar instantaneamente com tudo o que ele diz sem nenhum questionamento.  O barbudinho é humano também, não vamos esquecer esse detalhe…
Conforme amplamente noticiado em vários sites especializados, Jim Lee e Dan Didio estiveram presentes durante o Los Angeles Festival of BooksJim, e Lee falou  sobre a reação negativa de Alan Moore a Before Watchmen:
“Nós não tiramos nada de Alan. Ele assinou um acordo e ainda ele diz: “Eu não li o contrato”. Não posso forçá-lo a ler contratos. Ou seja, tem muita coisa que as pessoas não sabem e Alan falou explicitamente. Tem muitos atenuantes e coisas que merecem análise. Não é tão óbvio e aparente como alguns querem ver… Não estamos usando os personagens sem pagar ao Alan. De tudo que fizemos com Watchmen, das HQs até o filme, mandamos dinheiro para ele. A quantia que lhe era devida, conforme o contrato. Honramos esta parte do acordo. É claro que podemos discutir isso, mas quando se diz que só existe um lado certo, eu não concordo”.
O filme baseado em Watchmen foi totalmente ignorado por Moore, que pediu que seu nome não aparecesse nos créditos e não recebeu nenhum pagamento pelo uso dos personagens, cedendo sua parte para o parceiro Dave Gibbons, que colaborou com o design do filme e em respeito aos fãs, cedeu uma ótima entrevista nos extras do DVD, um verdadeiro presente para os fieis admiradores do seu trabalho, que na verdade são as pessoas que de fato consomem o produto e realmente se importam com Watchmen e tudo que o rodeia. Hoje em dia, Alan Moore mantém relações cortadas com Dave Gibbons. O motivo: ele não ligou agradecendo por ele ter cedido a parte dele do dinheiro no filme. Moore chegou a proclamar  que nunca mais escreveria gibis, depois que nunca escreveria para a DC… quando voltou aos quadrinhos, criou o selo American Best Comics, onde obviamente nos brindou com novas joias para os quadrinhos… Top 10, Tom Strong, A Liga Extraordinária (onde ele mistura e REINVENTA clássicos da literatura… isso sem falar em seu projeto “Lost Girls“, onde narra as aventuras eróticas da Wendy de Peter Pan; Alice do País das Maravilhas e Dorothy do Mágico de Oz),  e etc… o selo ABC foi incorporado à Wildstorm que na época era parte da Image Comics. Nesse período ele trabalhou também no título Wildcats de Jim Lee, numa das melhores, senão a melhor fase do grupo e também escreveu histórias curtas para a personagem Vodu e Majestic (mais um Superman genérico). Ironicamente, a Wildstorm foi vendida para a DC, e de certa forma, ele acabou indiretamente publicando quadrinhos pela editora que jurou nunca mais trabalhar. Hoje em dia ele deixa claro em todos os seus contratos de trabalho que caso escreva uma história para uma editora e eventualmente ela seja comprada pela DC, o contrato deve ser anulado. Isso parece um pouco rancoroso pra vocês?
O Supremo, de Rob Liefeld, teve ótimas histórias escritas por Alan Moore, baseado na mitologia clássica do Superman.
Embora realmente tenha cumprido sua promessa, acabou escrevendo histórias para o Superman de uma forma diferente… usando o personagem “Supremo” de Rob Liefeld… uma cópia escancarada do ultimo filho de Krypton… são histórias fantásticas usando toda a mitologia do Superman, desde o conceito da Supergirl até a Legião dos Super-herois e a fortaleza da Solidão… claro, tudo devidamente alterado e adaptado, da mesma forma que ele fez com os personagens da Charlton para Watchmen. Eu, como fã confesso do Superman, não fiquei ofendido nem revoltado com essa “homenagem”. Não achei que foi uma falta de respeito com todos os autores da Era de Ouro, embora todas as ideias deles tenham sido usadas ali sem nenhuma menção deles nos créditos. Boas histórias sempre são bem vindas.
Trilogia nova ou clássica? Choque de gerações…
Agora a DC está lançando “Before Watchmen”… e apesar deles terem o direito de fazer uma continuação e até mesmo lançar novas versões ou REINVENTAR a mesma, não fizeram isso… preferiram lançar histórias com eventos anteriores à série principal, mostrando aos leitores a história pregressa e nunca contada dos mesmos. Não vejo motivo para tanto alarde sobre isso… Prelúdios não são novidade na cultura pop, mas geralmente criam essa polêmica… afinal, por que retornar a universos já em tese fechados e bem resolvidos? Por que George Lucas fez o prelúdio de sua Guerra nas Estrelas? Por que o seriado televisivo Smallville preferiu contar a adolescência de Clark Kent em vez de mostrar as aventuras do Superman? E, voltando aos quadrinhos, por que Frank Miller teve a ousadia de fazer uma CONTINUAÇÃO do seu Cavaleiro das Trevas? Cavaleiro das Trevas é monumental, Watchmen é monumental, nenhum prólogo ou poslúdio pode mudar isso. Então por que isso incomoda tanto? Eu não sou fã da nova trilogia de Star Wars, mas gosto muito do terceiro filme que mostra a transformação de Anakin em Darth Vader… achei acertada a inclusão do personagem Dath Maul e algumas outras ótimas cenas envolvendo Obi Wan e Yoda. Mas isso não muda em nada o fascínio que continuo tendo pela trilogia original.
Smallville durou muito mais do que deveria. Esse esticamento da série a jogou em situações que beiravam o ridículo. Mas as três primeiras temporadas foram muito boas e merecem crédito. De certa forma, influenciou o resgate de alguns elementos clássicos, como a convivência de Clark e Lex em Smallville… a amizade que se tornou uma relação de ódio profundo. O desenvolvimento de Lionel Luthor, que roubou a cena e se tornou um vilão de primeira… considerando que antes ele foi explorado muito pobremente nos quadrinhos. E a inclusão da personagem Chloe Sullivan, criada especialmente para a série e que cativou muitos fãs, sendo depois inserida nos quadrinhos.
Batman: O Cavaleiro das Trevas
Já sobre Frank Miller, a polêmica foi talvez maior, porque ele não fez um prelúdio… em vez disso ele seguiu a diante. Primeiro ponto positivo: a coragem. Afinal, mesmo que a nova trilogia de Star Wars tenha tido seus bons momentos, o que eu queria mesmo ter visto era George Lucas levando a história para um novo patamar… uma nova geração de Jedis, as consequências diretas dos esforços de Luke Skywalker. Frank Miller foi ousado no sentido de seguir em frente, mas sua abordagem foi totalmente inesperada e nem sempre no melhor sentido. A principio me pareceu um grande deboche à indústria, da exploração da imagem da mulher, ao apelo sexual e a violência excessiva deflagrada principalmente pelos maus imitadores dele e de Watchmen. Analisando bem, não tenho certeza se foi exatamente isso ou na verdade uma grande ironia de Miller com todos os leitores que consomem qualquer porcaria que lhes é despejada pela garganta… seu traço está desleixado e exagerado, as cores, super vivas e vibrantes… existe revolta ali, mas contra quem? Contra o que?
“Cavaleiro das Trevas 2″
No mais, gosto da história de Cavaleiro das Trevas 2, mas odeio o que ele fez com Dick Grayson. Transformar o garoto num mini psicopata alterado geneticamente por um suposto envolvimento homossexual mal resolvido entre eles foi um grande tiro no pé; foi como dizer que o Doutor Fredric Wertham autor do livro “Sedução do Inocente” estava certo em suas teses equivocadas… uma verdadeira crítica a esse e outros assuntos foi conduzida muito bem por Rick Veitch em sua obra Brat Pack, em que mostra mais ou menos a mesma coisa, só que em outro contexto e muito melhor explorado. (Brad Pack saiu bem antes de Cavaleiro das Trevas 2). A meu ver foi o começo de um declínio criativo (salvo algumas exceções) em tudo que Frank Miller produziu depois. Hoje em dia ele segue o caminho oposto de Alan “não quero royalties desse filme” Moore. Ele parece escrever quadrinhos já pensando na franquia cinematográfica… num efeito “Mark Millar” (autor que já conseguiu projetar várias de suas obras para os cinemas, como “Kick Ass, “O Procurado” e está sempre em negociação com alguma coisa do seu “Millarverso”) Eu acredito que possa existir harmonia entre bons quadrinhos e suas adaptações cinematográficas (a MARVEL tem sido responsável por vários bons momentos de seus personagens no cinema) mas transformar isso em processo de produção em massa gera um efeito que a longo prazo só tem perdido em qualidade do material. Quadrinhos bons são aqueles que são encarados como arte… não são poemas, não são livros… são outra coisa, mas são arte. E a motivação para criar algo realmente belo vem de outros lugares, não do interesse mesquinho de obter lucro rápido. Quem trabalha com arte sabe do que falo; claro que todos temos nossas contas pra pagar, mas o dinheiro é consequência, não motivação.
Cavaleiro das Trevas 2.  Smallville e nova trilogia de Star Wars… precisavam ter existido? Talvez não, mas a pergunta certa é: com que finalidade foram feitas?
E quanto a Before Watchmen? É claro que isso só poderá ser julgado corretamente após o lançamento do mesmo. Existem grandes autores envolvidos, pessoas que já provaram seu comprometimento com a história, reconhecem a responsabilidade e a necessidade de respeitar o material original. Alguns podem afirmar que só o fato de aceitarem trabalhar nesse projeto já é um desrespeito. E todos têm direito a ter a sua opinião. Eu me pergunto se na época do lançamento de Watchmen, alguém tenha pensado que talvez isso não fosse um desrespeito com os personagens da Charlton. Se talvez alguém tenha perguntado, antes de ler Watchmen, se era mesmo necessário que ele fosse feito. Pessoalmente, após ler Watchmen, a única coisa que me ocorre é: “ainda bem que foi feito”.  E se ele tivesse desrespeitado ou manchado de alguma forma os heróis da Charlton? Bem eu apenas ignoraria Watchmen, e me apegaria a velhas edições de Besouro Azul, Capitão Atomo e Questão… e me deliciaria com suas incríveis histórias.
Porque antes que me esqueça, é pra isso que elas foram feitas.

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