“Vidas paralelas se encontram no infinito”.
Relembrando a clássica fase do Superman de John Byrne.
Por Rodrigo Garrit
Anos atrás, após a reformulação do Universo DC provocada pelo evento “Crise nas Infinitas Terras”, aquilo que os leitores estavam acostumados como sendo a continuidade oficial foi drasticamente alterada. A origem do Superman foi recontada por John Byrne, começando praticamente do zero. Essa nova versão alterava importantes elementos da origem do herói e toda a sua mitologia. Dentre todas essas mudanças, as mais marcantes foram:
- Clark Kent só desenvolveu seus poderes quando adulto. Ou seja, ele nunca foi Superboy.
- Kal-el foi o único sobrevivente da extinção do planeta Krypton. Ou seja, sua prima Kara não viveria para se tornar a Supergirl. Isso valia para o supercão Krypto também.
Essa nova interpretação atendia ao roteiro que John Byrne criou para o Homem de Aço, mas surgiu um probleminha: A Legião dos Super-Heróis, equipe de jovens e corajosos aventureiros do século XXXI. O motivo? A equipe foi criada tendo como inspiração as aventuras do Superman quando ele era garoto… ou seja, no Superboy… que nunca existiu!
Para resolver esse paradoxo, o próprio Byrne arregaçou as mangas e contou outra história, onde narrava que graças a manipulação do vilão conhecido como Senhor do Tempo, foi criado uma espécie de “Universo Compacto”, separado da nossa realidade. Nesse universo compacto, o jovem sobrevivente de Krypton se tornou Superboy, e sempre que a Legião voltava no tempo para encontra-lo, era nesse universo que eles caíam, também graças a manipulação do vilão. Foi esse Superboy que integrou a Legião em viagens temporais, e foi que morreu após um esforço hercúleo ao transportar seus amigos pelo tempo sem a manipulação do Senhor do Tempo (ele tinha esse poder, entre outros que o Superman não possuía) e depois se colocou como condutor de uma energia estrondosa em uma máquina criada por Brainiac V para evitar a destruição do Universo Compacto. O esforço foi demais mesmo para ele, que tombou para salvar seus amigos.
Anos depois, a Terra desse mesmo Universo Compacto teria um triste fim: os criminosos de Krypton seriam libertados por Lex Luthor e dominada por eles sem interferências. O Superboy estava morto e todos os outros heróis só existiam em suas versões civis, nessa Terra ninguém jamais chegou a se tornar um herói.
Sentindo-se culpado, Luthor usou seu conhecimento científico e tornou a Lana Lang dessa Terra uma Supergirl, transformando-a numa matriz de protomatéria. Apesar de poderosa, ela não era páreo para o General Zod e seus asseclas. Luthor sabia da existência do Superman, pois ele havia se encontrado com o Superboy anos antes. Então ela foi enviada para a outra Terra a fim de recrutar o Homem de Aço para ajuda-la. Essa história também teve grande peso para o personagem, pois após ser incapaz de impedir a devastação da Terra do Universo Compacto, ele acredita não ter outra escolha a não ser matar seus inimigos a fim de que eles não o seguissem para sua Terra e fizessem o mesmo por lá. Ao fim da aventura ele leva a Matriz, já bem debilitada pela batalha, de volta com ele. Quando se recupera, ela passa a agir como Supergirl em seu novo lar.
É incrível como essas histórias são clássicas, marcantes, divertidíssimas… e cheias de furos no roteiro. Acho que o Byrne soube nos enganar tão bem, que conseguiu nos convencer de tudo o que ele queria. Pra começar, se o Superboy era de outro universo, como a Legião sabia de sua existência? A explicação: os registros históricos ficaram confusos com o passar dos séculos e essas aventuras do Superboy que deveriam ser apenas ficção chegaram a eles como sendo verídicas. Ok, ponto. Já está explicado. Nem precisava criar um Universo Compacto então. Mas que graça teria?
Sobre o assassinato dos criminosos Kryptonianos, (Saiba mais aqui) vale ressaltar que o Superman os havia exposto a Kryptonita Dourada, aquela que segundo dizem, retira DEFINITIVAMENTE os poderes de um kryptoniano. Ou seja, havia outra forma de tentar resolver a situação. Sim, entendo que havia muito em jogo… ele preferiu não arriscar e os executou com kryptonita verde. Também entendo que em casos estremos, não reste outra escolha senão matar um adversário para preservar um bem maior. Mas nesse caso… havia outra forma… não havia?
Outra coisa que nunca ficou muito clara foi como o Luthor da Terra do Universo Compacto conseguiu enviar sua Supergirl para a outra Terra; como ela levou o Superman para lá e como eles saíram no final. Eles simplesmente levantaram voo… e chegaram em outra Terra… em outro universo…
Enfim, apesar desses detalhes nunca devidamente explicados (e outros que prefiro nem comentar), essas histórias estão para sempre gravadas para mim como uma das grandes fases do Homem de Aço, que independente de novas reformulações e Crises, sempre vão continuar valendo em algum aspecto da continuidade. O mesmo vale para a Legião dos Super-Heróis, talvez a equipe que mais tenha passado por “reboots”, porém depois de um tempo o que temos é sempre os conceitos clássicos prevalecendo sobre modismos.
Viva o Multiverso!
fonte: http://osantuario.com/
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