Quando Vejo alo assim, chego ater esperanças no futuro do país... GN
Nem certidão de nascimento tinha o jovem Sumba, quando encontrou o médico brasileiro Ivan Vargas em Guiné-Bissau.
O Fantástico deste domingo (13) mostra a história comovente do jovem Sumba. Ele vive na África, em um dos países mais pobres do mundo. Sumba não tem irmãos, não tem pai e sofre de uma doença grave. Sem tratamento adequado, o menino estava condenado a morrer. Até que um médico brasileiro mudou seu destino.
Sumba ainda não se refez do espanto de ver o que nunca tinha visto na vida.
Sumba: Casa.
Fantástico: Casa? Que mais?
Sumba: Carro.
Fantástico: Muito carro, né?
Sumba: Muito.
Fantástico: São Paulo tem gente demais, não tem?
Sumba: Tem.
Multidão, arranha-céu, engarrafamento. Tudo novidade.
“Um garoto tímido que nunca viu civilização na vida. Estava na aldeia a vida toda. Chegar aqui e ver carros, estrada, avião e prédio. Ele ficou bem impressionado”, afirma o médico anestesiologista Ivan Vargas.
Fantástico: Você sabe o que é isso aqui?
Sumba: Não sabe.
Fantástico: É um microfone, rapaz.
Microfone é fichinha. Para um garoto que não sabia o que era chuveiro nem vaso sanitário, novidade das grandes foi ter encontrado alguém que lhe dessa esperança.
“O único filho de uma mãe viúva. Ele não pode morrer. Não pode”, diz o médico Ivan Vargas.
Sumba: Casa.
Fantástico: Casa? Que mais?
Sumba: Carro.
Fantástico: Muito carro, né?
Sumba: Muito.
Fantástico: São Paulo tem gente demais, não tem?
Sumba: Tem.
Multidão, arranha-céu, engarrafamento. Tudo novidade.
“Um garoto tímido que nunca viu civilização na vida. Estava na aldeia a vida toda. Chegar aqui e ver carros, estrada, avião e prédio. Ele ficou bem impressionado”, afirma o médico anestesiologista Ivan Vargas.
Fantástico: Você sabe o que é isso aqui?
Sumba: Não sabe.
Fantástico: É um microfone, rapaz.
Microfone é fichinha. Para um garoto que não sabia o que era chuveiro nem vaso sanitário, novidade das grandes foi ter encontrado alguém que lhe dessa esperança.
“O único filho de uma mãe viúva. Ele não pode morrer. Não pode”, diz o médico Ivan Vargas.
Ainda que esse mundo fascinante esteja repleto de novos estímulos e experiências desconhecidas, nada poderia ser mais extraordinário do que a possibilidade concreta de vencer a morte. Para Sumba, São Paulo passou a significar uma chance real de viver.
É preciso cruzar o Atlântico e ir até Guiné-Bissau, país de língua portuguesa na costa oeste da África, para entender essa história. “É o décimo país mais pobre do mundo”, afirma o médico.
É preciso cruzar o Atlântico e ir até Guiné-Bissau, país de língua portuguesa na costa oeste da África, para entender essa história. “É o décimo país mais pobre do mundo”, afirma o médico.
E com uma realidade assim, o doutor Ivan não se conforma. “Ver as pessoas sem perspectiva de resolver um problema simples como uma dor.”
Por isso, o trabalho voluntário em uma missão humanitária. “Lá eu atendia como médico clínico geral mesmo”, conta.
Foi entre o povo alegre da aldeia de Iemberem que ele conheceu Sumba.
Por isso, o trabalho voluntário em uma missão humanitária. “Lá eu atendia como médico clínico geral mesmo”, conta.
Foi entre o povo alegre da aldeia de Iemberem que ele conheceu Sumba.
“Trouxeram um garoto: ‘Olha, tem aqui um menino, será que você pode olhar ele?’ Eu falei: ‘Posso! Posso olhar, vamos olhar’”, lembra.
Ele tinha um enorme tumor no rosto, que lhe fez perder a visão do olho esquerdo.
“Eu sabia que era um tumor, que era grave, mas eu não tinha condições nem de tratá-lo, nem de diagnosticá-lo ali. Eu sabia que ele ia morrer, se não fizesse nada”, diz o médico.
E não fazer nada estava fora de cogitação. “Eu falei: ‘Tem que trazer ele para o Brasil. E vamos fazer o que precisa’”, conta.
Nem certidão de nascimento o garoto tinha. Começou uma angustiante corrida contra o relógio para providenciar a documentação de viagem.
“Esse era o nosso desespero. A gente sabia que estava crescendo o tumor e o meu medo era perder a janela de tratamento”, afirma o médico.
Seis meses depois, em novembro do ano passado, Sumba desembarcava em São Paulo para dar início ao tratamento.
Juliana Pereira (médica do Instituto do Câncer): Dói, Sumba?
Sumba: Não.
Juliana Pereira: E a dor nas costas, melhorou?
Foi operado no Hospital das Clínicas, em janeiro.
“A cirurgia foi feita para diminuir o tamanho do tumor, que estava muito grande”, explica o médico.
E com a confirmação do diagnóstico, linfoma de grandes células b, um tipo muito agressivo de câncer, começou a quimioterapia.
“Reduziu muito a lesão do tumor, da face, e a gente acha que ele vai evoluir muito bem, porque até agora ele tem nos surpreendido com uma resposta excelente”, conta a médica Juliana Pereira.
Serão mais seis meses de tratamento, no Instituto do Câncer de São Paulo, para que se tenha certeza de que a doença foi debelada.
Ivan Vargas: Eu acredito na cura completa dele.
Fantástico: E que lhe dá essa certeza?
Ivan Vargas: Puxa vida, a história dele já é uma história de milagres. E a forma como ele tem respondido ao tratamento tem sido uma forma espetacular.
A rotina de exames é exaustiva. Mas o doutor Ivan sempre dá um jeito de estar por perto.
“Eu falo para ele em crioulo: ‘Nhafidi Sumba, meu filho Sumba”, conta.
Sem ter onde acomodar o garoto, o médico conversou com a mulher.
“Atesta contra ela que ela casou comigo, então o juízo não muito bom, então ela topou. Falou: ‘Vamos trazer, sim’”, diz.
Sumba divide quarto com Daniel e Ana, os filhos do casal, que já sabem: o amigo africano não ficará para sempre.
“Ele tem mãe, ele veio para receber só a cura, mas ele quer voltar. Então já fui me preparando. Não é meu. Não vou poder adotar”, conta a artista plástica Daniela Rodrigues.
Beatriz, a prima de nove anos, ficou comovida: “O pai dele morreu. Ele é filho único. Os outros irmãos já morreram”.
E deu R$ 20 da mesada dela para ajudar a comprar a passagem de Sumba.
“Quando ele partir vou sentir saudade, mas ao mesmo tempo vai ser bom pra ele”, afirma Beatriz.
Sumba demonstra gratidão o tempo todo. Mas talvez ele não saiba que ao receber a vida volta deu ao médico que o salvou um presente maior ainda.
Ivan Vargas: Mudou a minha vida.
Fantástico: Que recompensa você tem?
Ivan Vargas: Essa. Saber que eu ajudei. Só isso. Só. Não precisa mais nada. O meu filho Sumba. Eu espero que ele seja um homem grande, que estude, que se desenvolva, e trabalhe, e case e seja muito feliz. É isso.
Ele tinha um enorme tumor no rosto, que lhe fez perder a visão do olho esquerdo.
“Eu sabia que era um tumor, que era grave, mas eu não tinha condições nem de tratá-lo, nem de diagnosticá-lo ali. Eu sabia que ele ia morrer, se não fizesse nada”, diz o médico.
E não fazer nada estava fora de cogitação. “Eu falei: ‘Tem que trazer ele para o Brasil. E vamos fazer o que precisa’”, conta.
Nem certidão de nascimento o garoto tinha. Começou uma angustiante corrida contra o relógio para providenciar a documentação de viagem.
“Esse era o nosso desespero. A gente sabia que estava crescendo o tumor e o meu medo era perder a janela de tratamento”, afirma o médico.
Seis meses depois, em novembro do ano passado, Sumba desembarcava em São Paulo para dar início ao tratamento.
Juliana Pereira (médica do Instituto do Câncer): Dói, Sumba?
Sumba: Não.
Juliana Pereira: E a dor nas costas, melhorou?
Foi operado no Hospital das Clínicas, em janeiro.
“A cirurgia foi feita para diminuir o tamanho do tumor, que estava muito grande”, explica o médico.
E com a confirmação do diagnóstico, linfoma de grandes células b, um tipo muito agressivo de câncer, começou a quimioterapia.
“Reduziu muito a lesão do tumor, da face, e a gente acha que ele vai evoluir muito bem, porque até agora ele tem nos surpreendido com uma resposta excelente”, conta a médica Juliana Pereira.
Serão mais seis meses de tratamento, no Instituto do Câncer de São Paulo, para que se tenha certeza de que a doença foi debelada.
Ivan Vargas: Eu acredito na cura completa dele.
Fantástico: E que lhe dá essa certeza?
Ivan Vargas: Puxa vida, a história dele já é uma história de milagres. E a forma como ele tem respondido ao tratamento tem sido uma forma espetacular.
A rotina de exames é exaustiva. Mas o doutor Ivan sempre dá um jeito de estar por perto.
“Eu falo para ele em crioulo: ‘Nhafidi Sumba, meu filho Sumba”, conta.
Sem ter onde acomodar o garoto, o médico conversou com a mulher.
“Atesta contra ela que ela casou comigo, então o juízo não muito bom, então ela topou. Falou: ‘Vamos trazer, sim’”, diz.
Sumba divide quarto com Daniel e Ana, os filhos do casal, que já sabem: o amigo africano não ficará para sempre.
“Ele tem mãe, ele veio para receber só a cura, mas ele quer voltar. Então já fui me preparando. Não é meu. Não vou poder adotar”, conta a artista plástica Daniela Rodrigues.
Beatriz, a prima de nove anos, ficou comovida: “O pai dele morreu. Ele é filho único. Os outros irmãos já morreram”.
E deu R$ 20 da mesada dela para ajudar a comprar a passagem de Sumba.
“Quando ele partir vou sentir saudade, mas ao mesmo tempo vai ser bom pra ele”, afirma Beatriz.
Sumba demonstra gratidão o tempo todo. Mas talvez ele não saiba que ao receber a vida volta deu ao médico que o salvou um presente maior ainda.
Ivan Vargas: Mudou a minha vida.
Fantástico: Que recompensa você tem?
Ivan Vargas: Essa. Saber que eu ajudei. Só isso. Só. Não precisa mais nada. O meu filho Sumba. Eu espero que ele seja um homem grande, que estude, que se desenvolva, e trabalhe, e case e seja muito feliz. É isso.
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