Conheça o projeto criado por Glauber West, bibliotecário de Picada Café
O que é preciso para desenvolver o prazer de ler e escrever nas crianças? Pensando nisso, o bibliotecário Glauber West decidiu lançar um projeto que incentivasse os pequenos a ingressarem no universo das letras. Glauber trabalha na Biblioteca Pública de Picada Café, cidade com pouco mais de cinco mil habitantes na Serra do Rio Grande do Sul, e queria que os alunos frequentassem a biblioteca por outros motivos, além de retirar os livros (reveja a reportagem no vídeo).
- A gente já tinha várias ações de incentivo à leitura, como a hora do conto e escritores da Feira do Livro que vinham aqui para a biblioteca, mas comecei a perceber que essas atividades precisavam de um complemento. Ou seja, uma outra atividade que fizesse com que essas pessoas produzissem na biblioteca e não viessem apenas para consumir literatura - explica Glauber.
Foi aí que ele redescobriu uma paixão: o fanzine, uma publicação independente e de baixo custo, feito de forma artesanal e que dá espaço a qualquer coisa que a imaginação permitir. O primeiro fanzine produzido na biblioteca de Picada Café foi o "Passaporte da Leitura", no qual cada aluno contou a sua impressão sobre o que tinha lido. A ideia se espalhou pela cidade e deu tão certo que até quem não tinha participado do projeto apareceu para contar as suas histórias.
- Eu tinha um sonho. Eu escrevia histórias, dava para as minhas amigas lerem e elas adoravam. Elas sempre diziam "tu tem que fazer um livro, Betina", mas eu respondia que isso nunca daria certo porque custa muito caro - conta Betina Mewius, de oito anos.
A menina descobriu os fanzines e juntou seu sonho de escrever com o sonho da amiga Tainá Caroline Galhardo, de nove anos, apaixonada por desenhar. Com a ajuda de Glauber, os dois sonhos se transformaram no fanzine "Pequenas Histórias", cuja primeira edição teve 25 exemplares e a segunda, 50.
- Nós estamos fazendo os livrinhos para que as crianças vejam que não podem ficar só na frente do computador, que podem brincar, ler, fazer de tudo, é só querer - afirma Tainá.
Fora da biblioteca, projeto revelou novos talentos
Para despertar novos autores, Glauber levou o projeto para as salas de aulas e não demorou para que cada aluno descobrisse como é bom deixar a imaginação conduzir as suas próprias histórias. O computador ficou um pouco de lado e deu lugar para lápis, borracha e tesoura. Assim, novos talentos surgiram.
- Eu achei bem interessante porque a gente pode aprimorar nossa escrita e expressar a nossa visão. E tem tambem o desenho que a gente teve que fazer e fez com que a gente aprendesse novas técnicas para o modo de desenhar - afirma a estudante Estéfani Caroline Laux, que também entrou na onda dos fanzines.
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Para a professora de Língua Portuguesa Carla Rosane Presser, que convidou Glauber a levar seu projeto para as escolas, os fanzines incentivam o interesse pela literatura, mas também mostram que os alunos podem sempre ir além.
- Eles se sentem bem mais autoconfiantes hoje. Eles sabem que podem escrever, que sabem escrever, que têm capacidade para isso e para muito mais, que é sempre o que o professor almeja. Que eles tenham esse sonho de ser muito mais - diz.
- Acho que isso é importante porque é uma oportunidade que a pessoa tem de expressar ideias e conteúdos que geralmente ela não conseguiria em outro meio. Essa possibilidade de auto-expressão tem a ver com cidadania e tem a ver com interação com outras pessoas que estão desenvolvendo o fanzine - finaliza Glauber.
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