sábado, 28 de março de 2015

Entrevista com o ilustrador Rom Freire!



Antes de entrar no cerne de nossa entrevista em si eu preciso confessar à voces que eu e Rom Freirecomeçamos a nos comunicar nas redes sociais em meio a uma discussão acalorada, não importa o porque e sim que esse acontecimento ao invés de arrefecer nosso contato, me fez criar um profundo respeito pela pessoa de Rom; assim sendo e com o entendimento de que as pessoas são importantes , a política, passa... foi que me tornei fã ao conhecer mais de perto a arte deste fantástico artista além de sua visão sobre quadrinhos, artes etc.


Com vocês nossa sensacional entrevista com Rom Freire mais um grande ilustrador do nordeste brasileiro, terra de gente talentosa, inteligente e que mostra a que veio!
1- Rom, Fale um pouco de como se envolveu com quadrinhos e sua predileção pelo estilo super heróis?
Rom Freire - Eu sempre fui incentivado pela minha mãe e minha avó a ler. E como todo garoto, tinha predileção pelas revistas em quadrinhos. E sempre que meu pai levava a mim e meus irmãos para cortar cabelo, ele sempre nos dava uns trocados para comprar revista. Naquela época HQs ainda custavam baratinho, diferente de hoje em dia. E não tenho predileção pelo estilo super-herói, apesar de gostar muito. Gosto de qualquer quadrinho, desde que tenha uma boa história pra contar. Não precisa ser um texto pretensioso, basta que me divirta.

2- Aliás, voce é um grande entusiasta dos Super heróis nacionais!
Rom Freire - Sempre! Mas quando era garoto não tive muito acesso aos heróis BR. Uma das poucas revistas nacionais que li e que me marcou muito, foi A INSÓLITA FAMÍLIA TITÃ, de Gian Danton e Bené Nascimento, que hoje assina Joe Bennet. Também lembro com saudade do ROBÔ GIGANTE, de Watson Portela e algumas HQs da Velta e Fantastic Man.

3- Como é para Desenvolver algo no Brasil neste estilo?

Rom Freire - Como todo mundo sabe, é matar um leão por dia. Além da falta de incentivo das editoras (as vezes sai mais caro produzir uma revista aqui do que importar uma edição já pronta dos EUA), ainda contamos com o preconceito dos leitores. Muitos ainda sustentam a idéia equivocada de que super-herói de roupa colorida não combina com nossa cultura. Mas a Índia taí, com seus inúmeros super-heróis nacionais, inclusive virando filme, pra provar que o gênero combina com qualquer cultura, basta saber como explorá-los devidamente. Mas temos que ser realistas: assim como acontece lá fora, nem tudo produzido aqui é bom e o leitor não tem a obrigação de gostar e comprar só porque é material nacional. Uma coisa que sempre digo é: pensemos como editores, não apenas como fãs! Precisamos ser críticos de nós mesmos. Não estamos publicando apenas para agradar os amigos, mas para arregimentar leitores e fomentar o mercado de HQ nacional. Também temos o direito e o dever de criticar outros trabalhos, mas isso não significa esculhambar o trabalho alheio, como vejo acontecer muito no Facebook. Apenas dizer que determinado desenho é “uma merda”, “uma porcaria”, não ajuda em nada o artista a evoluir. Tenha ética e educação na hora de fazer uma crítica. Chame o artista em particular, via inbox ou e-mail, e mostre-lhe os pontos que você acha que devam ser corrigidos. E o artista por sua vez, também deve deixar o ego de lado e aceitar as críticas construtivas, mesmo que já esteja trabalhando profissionalmente e não concorde com tais críticas. Sempre temos algo a aprender!

4- Pudemos conferir um pouco do seu trabalho no projeto "Encontros", de Lancelott Martins e com certeza se tornará um projeto grandioso! Fale a respeito. 
Rom Freire - Desenhar ícones da HQB como Garra Cinzenta, Audaz, Capitão Gralha, Golden Guitar, Homem-Fera e Flama, entre tantos outros, me dá uma felicidade tremenda. Desenhei recentemente uma página onde o Audaz, um robô gigantesco criado por Messias de Melo na década de 40, ataca o Rio de Janeiro e podemos vê-lo atravessar a Baía da Guanabara sob ataque de caças Gloster F8, da FAB, e dos heróis nacionais Mystico, Homem-Fera e Golden Guitar. Mais brasileiro impossível!!! Tudo fruto da mente prolífica de Lancelott Martins, um grande roteirista, pesquisador e catalogador dos quadrinhos nacionais que eu admiro muito. Só tenho a agradecer a oportunidade que ele me deu de fazer parte desse projeto que promete fazer história na HQB. E tenho de lembrar que estou acompanhado de outros grandes artistas nessa empreitada, como Zilson Costa, meu amigo aqui do Maranhão e Marco Santiago, que também é maranhense, mas mora no Rio de Janeiro, entre outros.

5- Você também tem realizado trabalhos para fora do Brasil, Fale sobre eles!
Rom Freire - Já fiz vários trabalhos para fora no gênero super-heróis como GOLDEN GANG, de Daniel Schenstron, M7, da 12 Comics, STEEL SOLDIERS, para a White Eye, ARGO 5, para a Argo Comics de Dan Sehn e agora estou trabalhando no título DREADLOCK, para a Urban Style Comics de Andre Batts. Esses personagens ainda não são conhecidos aqui no Brasil, mas espero que esse quadro mude logo, pois um desses editores está cogitando vir na próxima Comic Com Experience, e quem sabe ele consiga vender seu personagem para as editoras daqui. Também já fiz uma quantidade gigantesca de quadrinhos eróticos para sites norte americanos, mas ultimamente estou me concentrando somente em trabalhos impressos, pois dá mais visibilidade ao artista, aumentando assim o leque de possibilidades.

6- Quais os artistas que mais te influenciam?
Rom Freire - Os grandes mestres da HQB que fizeram (e ainda fazem) parte da minha vida de leitor e desenhista: Mozart Couto, Watson Portela, Rodval Matias, Flávio Colin, Júlio Shimamoto, Edmundo Rodrigues, Renato Canini, Marcio Nicolosi, Osvaldo Sequetim... São tantos que fica impossível elencar todos aqui, mas cada um deles tem uma parcela de “culpa” na profissão que eu escolhi seguir. Fora do Brasil tem John Buscema, Jim Starlin, Will Eisner, Brian Hitch, Bernie Wrightson, Barry Windsor Smith... ou seja, mais uma lista interminável!!!


7- E no momento quais outros projetos em que esta trabalhando?
Rom Freire - Estou fazendo ilustrações para a nova versão do Catálogo dos Heróis Brasileiros, outra empreitada vencedora de Lancellot Martins. Também estou trabalhando em uma HQ inédita do super grupo OS INVICTOS e na saga CONVERGÊNCIA PRIMORDIAL, ambas para o meu chapa Rafael Tavares. Essa última terá a participação especial da minha personagem LOONAR. Acho muito boa essa interação entre os artistas nacionais. Um ajuda o outro a alavancar seu personagem! E esse ano eu também faria uma adaptação para os quadrinhos de uma grande obra da literatura brasileira, mas por enquanto o projeto está suspenso. Lembrando que já fiz a adaptação para os quadrinhos de FAUSTO, de Goethe. Esse é um projeto de Leonardo Santana (roteiro), com as cores de Dinei Ribeiro, que deve sair esse ano pela Editora Peirópolis.

8- Seu traço tem uma belissima influência dos clássicos artistas de super heróis e uma originalidade que chama a atenção. Qual seu processo de trabalho?
Rom Freire - Quando estou trabalhando para outras pessoas, meu processo é o mesmo da maioria. Faço um rascunho rápido das páginas em folha A4 para aprovação do cliente. Depois amplio para a versão final em A3. Mas quando é projeto próprio, meu processo muda completamente. Quando estou escrevendo o roteiro já desenvolvo cada cena na cabeça, cada detalhe e enquadramento, e já trabalho direto no A3, sem o uso do rascunho. Mas para todos os trabalhos eu uso apenas lápis azul e depois faço a arte final, sem usar lápis preto. Isso facilita muito na hora de escanear.

9- Além de sua personagem Loonar, que outros projetos pessoais desenvolveu?
Rom Freire - Além da LOONAR, que é no gênero super-herói, estou desenvolvendo os roteiros de GUERREIROS DE GLAATU (uma mistura de ficção científica e fantasia) e GRIMORIUM (terror). Não possuo muitos personagens próprios porque assim acho mais fácil de lidar, de desenvolver os roteiros. Vejo artistas criando personagens quase que diariamente, mas sem desenvolver corretamente nenhum, e acho isso um erro. O outro projeto que estou desenvolvendo aos poucos é ABAITÉ, uma transposição para os quadrinhos de algumas lendas indígenas. Meu objetivo é terminar a tempo de levar esse último para o FIQ e depois para a CCXP. Até mesmo o estilo eu mudei, para diferenciar de outros trabalhos. Deixei de lado a linha mais clara e carreguei nas hachuras. Acho que tá ficando bom!

10- O que tem lido ultimamente?
Rom Freire - Reli pela milionésima vez A SAGA DA FÊNIX NEGRA. Também gosto muito da Coleção Histórica Marvel. A última que li foi a dos Vingadores, com a Saga de Thanos, do Jim Starlin, umas das minhas influências. Adoro personagens cósmicos como Adam Warlock e Capitão Marvel. Também estava acompanhando os títulos da Valiant, mas soube que serão cancelados. Mas uma que compro religiosamente é a DREDD MEGAZINE. Sou fissurado na série de HQs curtas CHOQUES FUTURISTAS DE TARGH, do Alan Moore.

11- Existe algum personagem ou editora com quem gostaria de trabalhar? Tendo trabalhos em editoras fora do Brasil, voce chegou a pensar em seguir o nicho Marvel/Dc como muitos artistas?
Rom Freire - Um personagem que gosto muito e que gostaria de desenhar seria o John Constantine. Ele era bem legal na época do Monstro do Pântano e assim que começaram com o selo Vertigo. Hoje em dia não curto o que estão fazendo com ele nos Novos 52. Até já vi uma imagem dele com roupa de super herói, pelamordedeus!!! Outro que eu faria com gosto seria o Adam Warlock! Como já disse, gosto muito desse tema cósmico.
         


12- Muito obrigado por sua entrevista Rom freire, espaço aberto à você!
Rom Freire - Vou finalizar a entrevista dando alguns conselho pra galera: não tentem criar um universo de personagens de uma vez só! Comecem aos poucos, desenvolvendo um de cada vez. E sejam críticos consigo mesmos. Procurem sempre a máxima qualidade nos seus trabalhos e saibam aceitar críticas. Isso é essencial para que evoluam como profissionais! Obrigado, Ed! Abraço a todos!!!

Conheça o site oficial de Rom Freire AQUI!

Fonte: http://superheroisbrasileiros1.blogspot.com.br/

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