LEANDRO MACHADO
DE SÃO PAULO
Era para ser um sábado normal de compras, mas o plano saiu da rota: ao parar seu carro num sinal da rua Groenlândia, na zona oeste de São Paulo, a publicitária Jessica Otte, 24, foi espancada por um motorista e uma mulher que o acompanhava.
O motivo: o homem ficou irritado porque não conseguiu ultrapassar o veículo onde estavam Jessica e sua companheira, a também publicitária Amanda Carbone, 28.
Na tarde do último sábado, dia 23, Jessica levava Amanda em um Fiesta ao shopping Ibirapuera, onde planejavam fazer compras de Natal.
Quando passavam pela avenida Groenlândia, uma caminhonete Hilux tentou ultrapassá-las próximo de um semáforo. O motorista sinalizou com farol alto, mas, como havia carros nas outras faixas, Jessica não conseguiu deixá-lo passar.
No trecho seguinte, o homem persistiu. Buzinou e pediu passagem. Na esquina da rua Groenlândia com a avenida Brigadeiro Luís Antônio, o sinal fechou e os dois automóveis tiveram que parar.
| Davi Ribeiro/Folhapress | |
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Jessica Otte, 24, (de camisa xadrez) e Amanda Carbone, 28, foram agredidas na avenida Groelândia, em São Paulo |
"Ele então acelerou e começou a bater no nosso carro de propósito, empurrando. O nosso carro é pequeno, e o dele é enorme. Ele ficou montado em cima do nosso", relata Amanda.
Irritada, Jessica foi tirar satisfação. Com o celular, fez fotos da caminhonete. O motorista, de cerca de 50 anos, segundo Jessica, desceu da Hilux e começou a xingá-la de "vadia". Depois, deu um soco em seu rosto e a empurrou.
"Ele ainda me ironizou, disse que eu estava de conversinha com a mulher do meu lado", relata Jessica, que disse não ter visto indícios de homofobia na agressão.
A mulher do motorista também saiu do carro e agrediu a publicitária, com socos. "A gente ficou paralisada, não sabia o que fazer", diz Amanda. Jessica teve ferimentos no rosto, nos braços e na barriga.
Depois da agressão, o motorista e a mulher fugiram. O casal de publicitárias procurou a polícia e registrou um boletim de ocorrência em uma delegacia do Itaim Bibi, na zona oeste de São Paulo.
Pela placa da Hilux, a Polícia Civil descobriu que o carro está registrado no nome de um posto de gasolina.
Ontem, a polícia fez uma vistoria para verificar os danos no Fiesta de Jessica, que teve de passar por exame de corpo de delito. De acordo com a delegada Ligia Pimentel, que investiga o caso, a agressão pode ser registrada como lesão corporal e injúria.