Ex-gari recicla passado de sofrimento e cria a ONG Renascer
24/01/2007
Os contos de fada sempre têm um final feliz. Difícil acreditar, no entanto, que eles possam acontecer em um caso como este: menina nascida em uma família pobre, dividia a miséria com nove irmãos em uma periferia violenta.
[Rozeli] Infância difícil e adolescência problemática, Rozeli da Silva foi recolhida algumas vezes à Febem. A primeira gravidez veio aos 12 anos e a segunda, três anos depois. Casada, ainda sofria em casa a violência doméstica, tão comum nas periferias das grandes cidades.
Mas Rozeli não quis ser mais uma “Silva” nas estatísticas, e resolveu mudar este quadro. Há cerca de dez anos, teve um sonho: tirar as crianças de sua comunidade da rua. Nessa luta quixotesca, teve como fiel escudeira Learsi Kelbert, uma assistente social do DMLU, onde Rozeli trabalhava como gari. Learsi foi também quem escreveu o livro contando a história de Rozeli. Juntas lançaram a semente que viria a ser o Centro Infantil Renascer da Esperança. Uma escola de samba disponibilizou uma pequena casa com duas peças e ali começaram o trabalho. Roseli conta que no início estava completamente perdida, não sabia bem por onde começar. “Só não queria mais ver crianças passando fome”, conta.
[Refeitório] A Ong Renascer atende hoje 240 crianças, proporcionando muito mais do que alimentação. Meninos e meninas da comunidade recebem acompanhamento pedagógico, reforço escolar, além de participar de oficinas e cursos. As mães também têm atenção especial. No local, funciona uma mini fábrica de fraldas, que supre as necessidades da casa e ainda comercializa o excedente.
Rozeli olha para trás hoje e se surpreende. “Nunca pensei em chegar tão longe”, confessa. “Mas agora quero ir muito além disso”, diz. Fôlego para isso não falta. A gari, que já recebeu prêmios no Senado Federal, deu entrevista no Programa do Jô, foi personagem de livro, e ainda mantém a mesma simplicidade. “Eu não vou mudar o meu jeito”, afirma. “Eu sou povão”, completa orgulhosa.
Mais do que presidente da instituição, Rozeli quer ser sempre amiga das pessoas de sua comunidade. “Prefiro estar na rua, conversando, agindo, do que aqui atrás de uma mesa”, afirma. E é assim, conversando e agindo, que Rozeli está tirando do papel mais um projeto e realizando mais um sonho: uma sede completamente nova, com capacidade para atender 600 crianças e adolescentes, com espaço para esporte e cultura. O terreno foi uma doação da prefeitura. O material foi doado por grandes empresas do ramo. O resto está sendo conseguido através de doações.
A gari, semi-analfabeta, filosofa ao definir o projeto: Restinga para um novo mundo. E ela ainda quer mais.
Para ajudar
[Creche]
Se você estiver em Porto Alegre, pode ajudar como pessoa física e jurídica através DAD/FUNCRIANÇA - Documento de Arrecadação de Doações ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Porto Alegre dedutíveis do Importo de Renda.
Também através da compra do livro "Guerrilheira do Amor" de Rozeli da Silva, editora RBS Publicações. O livro está disponível nas livrarias.
24/01/2007
Os contos de fada sempre têm um final feliz. Difícil acreditar, no entanto, que eles possam acontecer em um caso como este: menina nascida em uma família pobre, dividia a miséria com nove irmãos em uma periferia violenta.
[Rozeli] Infância difícil e adolescência problemática, Rozeli da Silva foi recolhida algumas vezes à Febem. A primeira gravidez veio aos 12 anos e a segunda, três anos depois. Casada, ainda sofria em casa a violência doméstica, tão comum nas periferias das grandes cidades.
Mas Rozeli não quis ser mais uma “Silva” nas estatísticas, e resolveu mudar este quadro. Há cerca de dez anos, teve um sonho: tirar as crianças de sua comunidade da rua. Nessa luta quixotesca, teve como fiel escudeira Learsi Kelbert, uma assistente social do DMLU, onde Rozeli trabalhava como gari. Learsi foi também quem escreveu o livro contando a história de Rozeli. Juntas lançaram a semente que viria a ser o Centro Infantil Renascer da Esperança. Uma escola de samba disponibilizou uma pequena casa com duas peças e ali começaram o trabalho. Roseli conta que no início estava completamente perdida, não sabia bem por onde começar. “Só não queria mais ver crianças passando fome”, conta.
[Refeitório] A Ong Renascer atende hoje 240 crianças, proporcionando muito mais do que alimentação. Meninos e meninas da comunidade recebem acompanhamento pedagógico, reforço escolar, além de participar de oficinas e cursos. As mães também têm atenção especial. No local, funciona uma mini fábrica de fraldas, que supre as necessidades da casa e ainda comercializa o excedente.
Rozeli olha para trás hoje e se surpreende. “Nunca pensei em chegar tão longe”, confessa. “Mas agora quero ir muito além disso”, diz. Fôlego para isso não falta. A gari, que já recebeu prêmios no Senado Federal, deu entrevista no Programa do Jô, foi personagem de livro, e ainda mantém a mesma simplicidade. “Eu não vou mudar o meu jeito”, afirma. “Eu sou povão”, completa orgulhosa.
Mais do que presidente da instituição, Rozeli quer ser sempre amiga das pessoas de sua comunidade. “Prefiro estar na rua, conversando, agindo, do que aqui atrás de uma mesa”, afirma. E é assim, conversando e agindo, que Rozeli está tirando do papel mais um projeto e realizando mais um sonho: uma sede completamente nova, com capacidade para atender 600 crianças e adolescentes, com espaço para esporte e cultura. O terreno foi uma doação da prefeitura. O material foi doado por grandes empresas do ramo. O resto está sendo conseguido através de doações.
A gari, semi-analfabeta, filosofa ao definir o projeto: Restinga para um novo mundo. E ela ainda quer mais.
Para ajudar
[Creche]
Se você estiver em Porto Alegre, pode ajudar como pessoa física e jurídica através DAD/FUNCRIANÇA - Documento de Arrecadação de Doações ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Porto Alegre dedutíveis do Importo de Renda.
Também através da compra do livro "Guerrilheira do Amor" de Rozeli da Silva, editora RBS Publicações. O livro está disponível nas livrarias.
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