sexta-feira, 31 de agosto de 2012

'Batman de Taubaté' atrai 600 pessoas em ação social



As crianças do bairro foram prestigiar a participação do Batman de Taubaté. Foto: Divulgação

As crianças do bairro foram prestigiar a participação do "Batman de Taubaté"Foto: Divulgação
O militar aposentado André Luiz Pinheiro, 50 anos, que ficou conhecido como o "Batman de Taubaté", fez a sua primeira ação social na cidade do Vale do Paraíba no último sábado. Vestindo a fantasia do homem morcego, o militar atraiu a presenta de aproximadamente 600 pessoas para o projeto Movimento pela Paz, no bairro Esplanada Santa Terezinha. De acordo com o capitão da Polícia Militar Warley Takeo Miyake, a presença do Batman atraiu muitas crianças para o local. "No dia nós calculamos aproximadamente 600 pessoas que participaram da ação. O Batman atraiu muitas crianças, inclusive usando fantasias de super-heróis", disse o capitão.
O policial ressaltou que o papel do "super-herói" de Taubaté não é correr atrás dos criminosos, e sim de dar bons exemplos para os mais jovens. "Muitas vezes o bairro é vulnerável socialmente e as crianças são recrutadas pelos criminosos. O objetivo é tirar essas crianças da rua, colocar na escola, mostrar a importância de seguir uma religião, seja ela qual for, pois a religião é um freio social", disse.
Esta foi a segunda ação do projeto no bairro, que enfrenta um grande índice de atos infracionais provocado por crianças e adolescentes. A primeira com a participação de Pinheiro. Além da atração, o bairro ainda recebeu várias atividades educativas, de lazer e saúde. "A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ofereceu advogados para dar assistência e tirar dúvidas, a Universidade de Taubaté (Unitau) ofereceu um suporte com dentistas, uma escola de enfermagem ofereceu profissionais para medir a pressão dos moradores e Sesi e Sesc ofereceram atividades recreativas", falou Miyake.
Ainda não informações sobre a nova participação do "Batman de Taubaté" em outros bairros da cidade.
A escolha
De acordo com a major Eliane Nikoluk Scachetti, comandante do 5º BPMI (Batalhão da Polícia Militar do Interior), o projeto no bairro Esplanada nasceu a partir de um estudo desenvolvido em 2011, que apontou um aumento em 50% de atos infracionais envolvendo crianças e adolescentes na cidade. "Pesquisamos por meio de um estudo e desenvolvemos um sociograma do crime, que apontou o relacionamento dessas crianças com infratores envolvidos com o tráfico, o que acabava gerando violência por parte dos mais jovens.
Detectamos que a causa do problema não estava na falta de força policial e sim na prevenção primária, como a educação, relação familiar, falta de lazer e esporte", disse.
Após essa constatação, a polícia e outras áreas da sociedade civil, como associações, igrejas, universidades e a própria imprensa local resolveram se unir para elaborar um plano de combate ao aumento da criminalidade em determinados locais. Desse modo, de acordo com a major, nasceu o Movimento pela Paz, que teve a sua primeira ação realizada no 5 de março. "Fizemos uma ação no Esplanada, mas a participação não foi muito grande. Então, vimos uma reportagem sobre o André e pensamos em convidá-lo para participar, sendo uma referência para as crianças, como uma fonte de exemplos de cidadania e valores", falou.
De acordo com a policial, Pinheiro receberia orientação de policiais especializados em trabalhos sociais e o seu principal trabalho será junto às crianças e aos adolescentes. "Ele vai falar sobre o perigo das drogas e demonstrar que é possível ter sucesso longe do crime", completou a oficial.
Quem é o 'Batman de Taubaté'?
Aposentado da Marinha do Brasil, André Luiz Pinheiro conheceu o mundo do cosplay (estilo de vida que reúne pessoas que se fantasiam de personagens) quase que por acaso. "Sempre fui apaixonado por super-heróis e histórias em quadrinho, então, em um belo dia, resolvi comprar pela internet uma fantasia e nunca mais parei", disse.
Após colocar fotos com fantasias em redes sociais, Pinheiro acabou reencontrando um antigo amigo da Marinha que lhe apresentou o mundo cosplay. "Esse meu amigo me convidou para fazer uma apresentação no Rio de Janeiro e eu consegui ficar em 4º lugar na competição, isso acabou me levando para esse mundo", falou.
Depois disso, Pinheiro começou a comprar mais uniformes, com os mais variados temas e hoje já é conhecido no meio. "Eu passei a comprar roupas mais elaboradas e hoje, para te falar a verdade, não tenho nem ideia de quantos uniformes tenho em casa. Sei que são mais de 200, e o meu quarto de hóspedes já virou o local para guardar essas roupas", disse.
Sobre a repercussão da mídia, o militar disse que ficou um pouco assustado, mas acha que com a implantação do projeto, ficará claro que a ação pode ser produtiva. "Fiquei assustado com a repercussão da mídia, mas acho que todos vão ver que não é preciso ter um Batman na rua para correr atrás dos bandidos. O que vamos fazer é um trabalho preventivo, e são esses trabalhos que dão os melhores frutos", falou.

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