Ativistas dos direitos humanos pedem a libertação da band punk russa Pussy Riot, cujas participantes, detidas em uma catedral de Moscou após performance crítica a Putin, podem ficar até sete anos presas.
Na Rússia, criticar o premiê e futuro presidente Vladimir Putin pode ser perigoso. Principalmente quando a performance de protesto em questão acontece em uma das principais igrejas ortodoxas do país. Devido a isso, as feministas Maria Aliokhina, Nadeshda Tolokonnikova e Iekaterina Samusevitch, que compõem a banda punk Pussy Riot, estão detidas desde o início de março.
E é possível que fiquem presas durante sete anos – a pena que talvez tenham que cumprir por terem feito uma performance punk contra Putin em uma catedral de Moscou. Posteriormente usou-se o argumento de que elas queriam destruir as estreitas ligações entre a política russa e a Igreja Ortodoxa.
Opiniões diversas
Catedral Redenção de Cristo em Moscou: palco das performances
O caso Pussy Riot divide a sociedade russa. Muitos fiéis ortodoxos consideram a ação como sendo de mau gosto e sentem-se ofendidos. Depois de uma heresia como essa, afirma o patriarca Kirill, não se pode deixar a banda continuar atuando. Em uma enquete realizada no país, 46% dos participantes afirmaram considerar a pena cogitada para punir as jovens punks como adequada.
Ativistas dos direitos humanos têm outra opinião sobre o caso. Ludmila Alexeyeva, diretora do Grupo Helsinki, de Moscou, afirma que o caso Pussy Riot tem motivação política. Organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional (AI), por exemplo, fazem sérias acusações à Justiça russa e reinvindicam a libertação imediata das três ativistas.
A acusação de "mau comportamento" não é suficiente, argumenta a AI. Em um comunicado da organização, consta que a postura da Justiça não é uma reação justificável à expressão pacífica de convicções políticas. As mulheres que formam a banda, de acordo com a AI, são, diante disso, consideradas presas políticas, mesmo que o local da performance – uma igreja – "tenha sido considerado uma ofensa para muita gente".
Acordes dissonantes de guitarra contra Putin
As garotas russas do Pussy Riot
Em um vídeo no YouTube, é possível assistir à ação das jovens punks do Pussy Riot na catedral moscovita. Em uma "prece punk", elas dançam freneticamente e pulam em frente ao altar, usando máscaras coloridas, meias-calças e minissaias. O vídeo foi posteriormente postado juntamente com uma faixa musical, que incita a "mãe de Deus" a "enxotar Putin". Estes vídeos são o objetivo real do projeto Pussy Riot, declararam as jovens em entrevista à DW antes de serem detidas.
"O vídeos são o que há de mais importante para nós", afirmou uma delas em entrevista, ressaltando a relevância de que não apenas os moradores de Moscou, mas também de outras cidades do país, possam assistir ao "produto midiático" pela internet.
Primavera Árabe serve de inspiração
Protestos contra Putin no país
Pussy Riot, que se autodenomina "uma banda de rock punk", existe desde o segundo semestre de 2011. Surgida pouco antes das eleições parlamentares na Rússia, a banda vem desde então tentando combater o chefe de governo Vladimir Putin e o partido do Kremlin Rússia Unida. As garotas se inspiraram para isso na Primavera Árabe. "O ar egípcio é bom para os pulmões. Faça da Praça Vermelha uma Praça Tahrir", é um dos versos cantados pela banda.
Até agora, as meninas puderam realizar poucas ações públicas: na Praça Vermelha, no metrô de Moscou e no telhado de uma penitenciária. "Para nós, o que importa são performances em lugares proibidos", dizem elas. A Pussy Riot lembra o grupo ucraniano FEMEN, motivo de polêmica há anos. Mas ao contrário das feministas ucranianas, que tentam transportar suas mensagens chamando a atenção da opinião pública com seios nus em público, as garotas russas só se apresentam vestidas. Segundo declarações de próprio punho, elas não querem fazer uso de "clichês femininos" e preferem tocar rock punk do que tirar a roupa.
Ativistas dos direitos humanos organizaram ações de solidariedade às jovens do Pussy Riot e mantêm um site na internet em prol da libertação das mesmas. Até o fim do mês, elas continuarão detidas. Não se sabe ainda se serão posteriormente libertadas ou condenadas a uma pena mais pesada.
Autor: Roman Goncharenko (sv)
Revisão: Carlos Albuquerque
Revisão: Carlos Albuquerque
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