O Jornal Nacional mostrou, há cinco meses, um projeto de música que ajuda na recuperação de presos no Espírito Santo . Agora, você vai conhecer o resultado desse projeto.
O caminho para a liberdade vai ficando mais curto. Ano que vem, o detento sai da cadeia. Por enquanto, reencontra o cantor profissional de ópera. O primeiro encontro foi há cinco meses. O ‘Pavarotti’ do presídio, como é conhecido pelos colegas, nem fazia parte do coral. Foi descoberto pela reportagem.
“Foi uma surpresa enorme para a gente descobrir um talento, um dom”, afirma o cantor de ópera Lício Bruno.
De lá para cá, muita coisa aconteceu. O presidiário Mário Souto entrou para o coral do presídio. Do corredor, dá para ouvir o ensaio. Desse jeito, muitos presos vão soltando a voz e experimentando uma sensação diferente.
Mário se juntou a outros 70 presos que praticam canto toda semana.
“Ajuda a esquecer o local que estamos”, diz um.
Ele vem ganhando oportunidade. Voz, gesto e fôlego para ir bem além da prisão.
“Foi uma surpresa muito grande de poder estar diante do governador, de autoridades”, conta.
No palácio, diante do governador, cantando o hino nacional. O ensaio, agora, é para uma grande apresentação. Vai ser preciso força e coragem.
“Claro que o mais importante não é a perfeição, é a superação”, afirma um orientador.
Superação para impressionar a mãe, que não o vê há mais de cinco meses. Ela nunca aceitou a vida do crime.
“Ela é muito especial na minha vida. Mal tenho palavras”, elogia, emocionado, o filho.
Os ônibus escoltados levam os detentos para uma igreja em Vila Velha. Auditório cheio, apresentação para 2 mil pessoas. Dona Marinalva está lá.
Os presos se juntam ao coral da igreja. O ‘Pavarotti’ da cadeia também canta.
É agora. Todas as atenções para ele.
A plateia gostou. Ela gostou.
“Ele tem a voz grossa!”, diz a mãe.
A noite dos presos cantores foi de reencontro. Quem sabe, o reencontro para o caminho certo.
“É importante a gente ver o filho assim desse jeito”, completa a mãe.