segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Beto Volpe: herói da luta contra a AIDS!


Perfil | 

Em 2012, a Sansex divulgará perfis sobre pessoas ligadas à comunidade LGBT na Baixada Santista.
Homossexual e portador do vírus HIV, Beto Volpe poderia ser apenas mais uma vítima da ignorância da sociedade a ponto de se resguardar em casa esperando o mundo girar. No entanto, é Beto quem se assume protagonista de sua e de outras histórias, militando em sua cidade (São Vicente), na Baixada e no Brasil contra tais preconceitos.

Nascido em 13 de agosto de 1961, Beto descobriu aos seus 28 anos que portava o vírus da Aids. Estudou Publicidade na UniSantos, e é responsável pelo blog. Ele mesmo se descreve assim: Aprendi muito com a vida, às vezes de forma dramática, às vezes através da entrega e cumplicidade. Aprendi a enxergar além de meu umbigo e viver plenamente cada momento. Sou uma pessoa que costuma ver o lado positivo das coisas, mesmo diante da maior adversidade. Sou humorado, independente financeiramente e AMO escrever. Sou discreto, apesar de assumido e ter orgulho de meu prazer. O HIV entrou em meu corpo e minha vida há 22 anos e, apesar das dificuldades, foi ele quem me tirou da mediocridade em que vivia, norteou e deu sentido à minha vida.

Em 1989, Beto soube ser portador do HIV. Durante os sete anos seguintes, usou e abusou da saúde que lhe restava. Se os amigos estavam morrendo de aids, o jeito era gastar-se até a última gota. Os excessos levaram Beto a ter pneumonia, neurotoxoplasmose e candidíase no aparelho digestivo. O número de células CD4 chegou a seis. A ciência, mesmo assim, foi mais rápida do que a doença e, em 1996, colocou em circulação os primeiros anti-retrovirais. 

Os médicos encontraram Beto com apenas 34 quilos, dos 68 que costumava pesar antes. E, se o resgataram da morte iminente, afinaram suas pernas, seus braços e seu rosto. Os efeitos colaterais se multiplicaram: da lipodistrofia, que ainda não tinha nome, à osteoporose; da fratura de fêmur ao câncer no sistema linfático. Ninguém faria graça dessa soma de problemas. Ninguém, salvo ele mesmo.
“Quando eu tive câncer, já contei piada na primeira sessão de quimioterapia”, surpreende. A clínica era freqüentada na maior parte por mulheres, e Beto lançou a pergunta: “Vocês sabem qual a melô do câncer de mama?”. 

O resultado foi excelente: ainda faltavam duas sessões e o câncer já tinha desaparecido. Diz Beto que sempre viveu assim: “Não dissocio minha vida do humor”. Ele compara sua filosofia à do Pasquim, um jornal carioca que fez oposição à ditadura militar: “O Pasquim foi muito censurado porque usava o humor; o humor é uma arma poderosa de defesa e de ataque”, define.

Beto tornou-se um verdadeiro militante e símbolo de resistência e referência às causas do enfrentamento à homofobia e Aids no Brasil - fez parte do site Vidas em Crônica. Como antigo presidente da ONG Hipupiara em São Vicente, esteve à frente das primeiras edições da Parada do Orgulho Gay no município, conscientizando de forma crítica políticas públicas de saúde à população LGBT.

Nenhum comentário:

Postar um comentário