sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Mulheres abrem caminho na BM



1ª Companhia de Polícia Militar Feminina só foi formada em 1987, com 83 integrantes. Hoje, elas somam efetivo de 2.342

Há 25 anos, a turma de soldados e oficiais começou a conquistar espaço antes apenas dos homens
Há 25 anos, quando a primeira turma de oito oficiais femininas da Brigada Militar (BM) percorreu o Centro de Porto Alegre, a população parou para vê-las de farda. Na época, a corporação tinha 150 anos e se abria para as PMs de saia, começando, assim, a quebrar preconceitos. Um ano antes, elas e 16 sargentos foram nomeadas. Depois, foi a vez de 62 soldados iniciarem o curso de formação. O dia 25 de setembro de 1987, quando todas as 83 que não desistiram já estavam formadas, marca a instalação da 1 Companhia de Polícia Militar Feminina. Desde lá, elas conquistaram espaço e já somam um efetivo de 2.342 no Rio Grande do Sul, trazendo sensibilidade ao trabalho da instituição, que conta também com 19.471 homens.

Eles ficaram um pouco intimidados no início. Alguns tiveram que se disciplinar e mudar de hábitos diante da presença das mulheres, que começaram atuando em escolas, no trânsito e no aeroporto, depois ganharam igualdade e puderam desempenhar as mesmas funções masculinas e atuar em batalhões e outras seções da BM. "Para eles, era muito inusitado", conta a diretora e comandante do Colégio Tiradentes, tenente-coronel Cristine Rasbold, que integrou a primeira turma de oficiais. "Com o tempo, fomos ganhando espaços e, em 1997, houve a união de todos os quadros", comenta.

Cristine era concursada do Ministério do Trabalho e estava prestes a se formar na Faculdade de Direito, quando o pai ligou para avisar sobre o concurso da BM, que permitia a inscrição de mulheres. A vocação falou mais alto e ela largou tudo, aos 22 anos, para atuar na corporação. "Desde pequena, tenho admiração, mas era tudo muito distante, até surgir essa oportunidade", conta. "Naquela época, não se tinha referências. Era tudo novo. Todo início tem o seu peso."

Ela recorda que uma ocorrência de acidente de trânsito mostrou a importância da presença feminina na instituição. "A vítima estava imobilizada. Quando eu cheguei, ela disse: ''Graças a Deus que veio uma mulher''". Muitas se sentem mais à vontade com as PMs. A tenente-coronel ressalta que ainda se considera uma novata diante de tantas conquistas que ainda estão por vir para as mulheres. "Não se pode perder o foco. É preciso ter uma continuidade em questões pontuais." Para Cristine, olhar para trás é ver um sonho consolidado de fazer parte de algo que agora já é reconhecido pela comunidade. "É uma bela carreira."

A tenente Aline Caiaffo Winck está à frente das comemorações dos 25 anos de instalação da 1 Companhia. Aos 18 anos, ela se inscreveu, por influência da irmã mais velha, para integrar a primeira turma de soldados. "Tinha acabado de terminar o magistério e, na época, não era muito claro o motivo de eu ter entrado, porque não havia referência de mulheres na Brigada", conta. Quando entrou para a reserva, no ano passado, acabou voltando a convite da corporação.

As duas ajudaram a abrir caminho para a soldado Deise Denise Paes Rodrigues, 24, que trabalha há três no 4 Regimento de Polícia Montada. "O fato de já existirem mulheres quando entrei, facilitou bastante." Ela é a única dos dez irmãos que segue a carreira do pai, o soldado Renato Antônio Rodrigues. Hoje, aos 68, está na reserva. Atuou na cavalaria da BM de Santa Maria e Santiago. Para Deise, as mulheres enfrentam as mesmas dificuldades dos homens. "Só não pode ter frescura nem melindre." Ela treina o companheiro de trabalho, Quentucho, o cavalo da raça BH (Brasileiro de Hipismo) para participar da segurança na Copa de 2014.

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