quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Eduardo Saboia é comparado a ‘Dom Quixote’ por atuação em Direitos Humanos


  • Petição em site pede que diplomata que ajudou saída de senador boliviano seja poupado de punição
MARIA LIMA (EMAIL)
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O encarregado de negócios da embaixada do Brasil na Bolívia, Eduardo Saboia
Foto: Ailton de Freitas/Agência O Globo
O encarregado de negócios da embaixada do Brasil na Bolívia, Eduardo Saboia Ailton de Freitas/Agência O Globo
BRASÍLIA — Já alçado nas redes sociais à condição de quase herói e alvo de uma petição da ONG Avaaz contra punição pelo Itamaraty, o ministro conselheiro Eduardo Paes Saboia também é descrito pelos que com ele convivem como um Dom Quixote em defesa dos Direitos Humanos, causas humanitárias e de pessoas em situação de vulnerabilidade. Saboia ficará em Brasília para prestar esclarecimentos no processo de investigação aberto contra ele. Nesse período ele ficará afastado das funções na embaixada de La Paz.
Com uma trajetória que inclui passagens por postos no Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, Saboia foi para La Paz (Bolívia) como encarregado de negócios. E pode encerrar agora, com a orquestração da fuga cinematográfica do desafeto do presidente boliviano, Evo Morales, um longo período como titular interino da embaixada do Brasil na Bolívia.
Enquanto convivia com a situação insustentável do senador boliviano Roger Pinto nas dependências da embaixada, nos últimos oito meses, Saboia se dividiu entre La Paz e Oruro, onde 12 brasileiros, torcedores do Corinthians, foram presos por envolvimento na morte do adolescente Kevin Espada durante um jogo pela Taça Libertadores.
Na luta para provar a inocência dos brasileiros, o embaixador interino viajou oito vezes a Oruro. Como negociador junto às autoridades bolivianas, queria ver de perto e tentar ajudar tanto os conterrâneos em situação de muita precariedade na prisão, como levar solidariedade à família de Kevin. Numa das visitas, chegou a comprar com recursos próprios itens básicos para amenizar o dia a dia dos brasileiros na prisão.
- O ministro Saboia comprou e levou para a gente colchões e cobertores. E sempre dizia uma palavra de conforto para nos acalmar. Dizia que faltava pouco para a gente sair. Ele foi fundamental para a gente conseguir sair - relembra o corintiano Cléber Souza Cruz.
Foi como chefe da missão parlamentar do Senado que visitou os presos, em março, que o senador Ricardo Ferraço (PMDB-PR) teve o primeiro contato com Saboia. Disse ter voltado ao Brasil impressionado com o profissionalismo e patriotismo com que o ministro conselheiro agia em defesa do Brasil e dos presos. Segundo o senador, a fala mansa e pausada em nada combina com o comportamento determinado e corajoso.
Saboia também atuou junto a presos brasileiros na fronteira da Bolívia com o Acre, quando aproveitou para visitar e dar apoio a imigrantes haitianos que aportaram em várias cidades da fronteira.
- O ministro Saboia parece frágil, tem uma fala mansa e serena, mas é um gigante. É um Dom Quixote que não se curva a qualquer interesse que não seja a Justiça e Direitos Humanos. Assisti a toda sua luta junto aos governos brasileiro e boliviano em busca de uma solução para o drama do senador Roger Pinto. A fuga, movida pela solidariedade humana e pela indignação, foi sua última porta de saída - disse o senador Ferraço.
Saboia tem residência no Rio de Janeiro, mas formou-se pela Universidade de Brasília (UnB) e pelo College Claparéde, de Genebra. Com 46 anos, em 2010 foi condecorado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a medalha da Ordem do Rio Branco, no grau de Grande Oficial.
A aventura protagonizada por ele, no fim de semana, foi comemorada e apoiada pela família nas redes sociais.
“Muito orgulho do meu primo Eduardo Saboia por este ato de coragem. Parabéns Eduardo,conte sempre com nosso apoio”, postou a prima Beatriz Benevides.
O texto da petição da Avaaz que já ganha muitos adeptos na Internet diz: “Em apoio ao diplomata Eduardo Saboia por seu ato de coragem e consciência contra o cárcere privado e cerceamento dos direitos humanos do senador boliviano Roger Pinto Molina, exilado político na Embaixada do Brasil em La Paz”.


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