terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Resenha: A Repaginação Caiu Bem Para O Robocop.








Gostaria de começar essa resenha falando um pouco do carinho que eu sinto pelo Robocop. Desde moleque, quando vi primeiro a série animada do Robocop, eu fiquei maluco pelo Robô Policial mais legal de todos os tempos. Quando eu tinha uns 10 para 11 anos eu vi o primeiro Robocop pela primeira vez e eu fiquei maluco. Eu queria ser o Robocop quando criança.
















O Filme do Padilha dividiu opiniões (até nesse humilde blog, olha só), porém eu acho que muitos do que não gostaram do filme, possuem duas vertentes em seu pensamento que para mim, não passa de puro preconceito e certa birrinha.
















Ou a pessoa é muito saudosista e tem seus resguardos quanto a atualização do visual e da temática do Robocop (o primeiro Robocop é pautado em um Universo Cyberpunk e em uma distopia bem mais agressiva do que a Ficção Científica que é mostrada no remake do Padilha). Ou simplesmente a pessoa era fã da violência desenfreada do filme do Paul Verhoven e esquecia completamente das camadas de crítica social do personagem.
















O Filme não é lá um primor de roteiro? Concordo com quem acha disso, ele tem até uma certa parte bem arrastada ali pra perto do final. Porém toda a carga de crítica aos Estados Unidos que existiam no primeiro filme está ali, porém de uma forma um pouco mais sutil e da forma em que o Padilha pode trabalhar. O filme faz várias homenagens ao original, algumas tão rápidas mas tão bem encaixadas na trama que mostram como esse filme foi trabalhado para respeitar o original e não comprometer a obra. Lembrem-se, vocês que criticam o filme, que o Padilha sofreu problemas na produção e talvez alguns cortes criativos na direção do filme. Porém, isso não impediu de tocar na ferida de como os Estados Unidos se acham superiores e se acham donos do mundo e como sempre, a Política Bipartidária bem mais influente nos EUA também aparece no filme, mostrando como a Política acaba influenciando cada vez mais para os Estados Unidos se mostrar um país que se acha no direito de se intrometer nos problemas de outros países e acabar se tornando o bom moço da história, quando não é. Diferente da OCP do original de 1987, ela não é quem comanda a Polícia, e sim, uma empresa de segurança e armamentista manipuladora que tem apoio do Governo dos EUA em praticamente tudo.
















Soa bem atual, não? Então, o Padilha conseguiu trazer toda a carga do que está acontecendo nesse tipo de vertente nos Estados Unidos e jogou na tela, mostrando como os EUA agem de forma agressiva e transgressora dentro dos outros países, enquanto não tem coragem de fazer o mesmo em seu próprio por medo da reação do povo. Aliás, Samuel L. Jackson sempre quando aparece, rouba a cena.
















Outro problema que as pessoas falam sobre o filme, é que o Robocop novo é muito ágil para um Robô. Gente, o filme se passa em 2028 em uma distopia futurística. É claro que ele seria um Robô ágil e pronto para combate armado e desarmado. Ele não pode ter a mesma lerdeza do antigo Robocop, ele é de outra época. O conceito de futuro na década de 80 era bem diferente do nosso, veja por exemplo, De Volta para o Futuro 2. Ou nós já temos skates voadores e tênis que se amarram sozinhos? Então sinceramente, toda essa crítica sobre ele ser ágil pra mim não passa de birrinha.
















E ah, a roupa preta? Gente, pelo amor de deus. Vocês acham mesmo que uma armadura prateada seria eficaz em uma infiltração em algum lugar à noite, ou se ele precisasse se esconder nas sombras? A roupa preta ajuda na camuflagem do Robô, não é para deixar ele parecido com o Batman ou o Homem de Ferro, como falaram.
















A família do Alex Murphy nesse filme também é muito presente, o que é legal demais. No primeiro filme a família se muda e não sabemos como foi a reação da mulher ou do filho, e muito menos como ela iria reagir quando visse o marido daquele jeito. Agora no filme do Padilha temos toda a carga dramática do fato dele ter que lidar com o fato de que ele nunca mais será o mesmo para a mulher e o filho, por mais que ele esteja ali, trajando aquela armadura, ele não é mais um ser humano no quesito biológico. O modo como é trabalhado isso no filme demonstra como ele se deturpa em uma máquina e como ele consegue superar isso.












Eu achei que foi um filme nota 7. Boas cenas de ação, roteiro bem amarradinho e sem nenhum furo ou algo que comprometa a trama. Vale a pena ser assistido e encarado como uma leve crítica social a política externa dos Estados Unidos e os problemas armamentistas que os EUA possuem. Padilha conseguiu pelo menos fazer algo respeitoso e com bastante carinho ao filme original.









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