HQ da vida real17/11/2012 | 18h20
Entre as ações do Capitão Bonfa está ajudar senhoras a atravessar a rua e carregar as compras do supermercado
O bairro dos magros dos anos 80 na Capital, inspirador de roqueiros e milongas, ganhou um super-herói. Há pouco mais de uma semana, perambula pelas ruas do Bom Fim um homem usando capa, botas e máscara, empenhado em combater a falta de cordialidade no dia a dia.
Como os super-heróis das histórias em quadrinhos, a identidade é secreta ou pelo menos do conhecimento de poucos. Revela, apenas, que ainda é um guri de vinte e poucos anos, trabalha com vendas – o que lhe garante horários flexíveis para dar vida ao personagem nas horas vagas – e mora no bairro homenageado no nome do super-herói da vida real e afinado com a gíria local: Capitão Bonfa.
A iniciativa, já observada em outros países, foi a maneira que ele encontrou para chamar a atenção das pessoas sobre a escassez das pequenas gentilezas no cotidiano. Pelo menos é o que apregoa por onde passa.
Em ação, o Capitão Bonfa ajuda senhoras a atravessar a rua, dá uma mão com as compras do supermercado, sugere aos donos de cães que recolham as fezes de seus bichinhos e desbrava histórias pessoais de quem vai conhecendo pelo caminho. Tudo isso poderia ser feito sem o modelito um tanto bizarro, mas, segundo o próprio Bonfa, é exatamente o figurino seu superpoder. Capa, máscara e a estranheza imediata paralisariam a hostilidade de quem depara com o super-herói.
– Vestido assim, as pessoas encaram com mais bom humor o exemplo que eu quero dar. Não fica aquela coisa de lição de moral, mas algo mais numa boa, de “vamos ajudar” – diz.
Sem encarar bandidos reais
Nas rondas pelo Bom Fim, Capitão Bonfa sai munido de lanterna, apitos, saquinhos plásticos (para o socorro dos donos de cães), garrafinhas d’água e uma dose de bom senso para que, de mocinho, não passe a ser visto como vilão. O super-herói porto-alegrense tem poderes limitados, portanto, não se atreve a enfrentar bandidos reais e tem evitado entrar em estabelecimentos comerciais para não assustar as pessoas e não ser confundido com um assaltante.
Quem só viu a performance de longe, sem mais informações das intenções do homem mascarado, percebe inconvenientes. O comerciante Nelson Reis, 66 anos, não encara a iniciativa com bons olhos. Acredita que, por trás das atitudes solidárias, o Capitão Bonfa esteja interessado em levar alguma vantagem, quem sabe, aposta, promovendo algum produto ou loja nova no bairro, como já viu acontecer em anos de comércio na Rua Felipe Camarão. A mulher dele, Sandra Beiró Reis, 63 anos, parece menos suscetível ao espanto e à desconfiança:
– Aqui, no Bom Fim, tem de tudo. Tudo é normal. Então, quando o vi, nem dei bola.
Até agora, as missões do Capitão Bonfa têm sido sem sobressaltos. Conduz olhares curiosos na rua e desperta reações:
– É o Batman – grita um passageiro de dentro do ônibus.
Capitão Bonfa garante que não quer causar mal-estar desnecessário e mostra-se esperançoso de que sua ousadia estimule outros super-heróis pela cidade.
"Que bom que já não sou mais o único RLSH
gaúcho. Farei contato" GN
gaúcho. Farei contato" GN
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