Para lembrar os oito anos de morte de Gabriela Prado Maia - que morreu aos 14 anos ao ser atingida por uma bala perdida no metrô, em 1995 - o pai da menina, Carlos Santiago, promoveu uma manifestação pela paz e contra a impunidade na manhã deste sábado, em frente à Igreja de São Francisco Xavier, local onde a adolescente foi baleada.
Dois varais com dezenas de camisas estampadas com fotos de vítimas da violência foram estendidos no local:
— Resolvi fazer essa manifestação em solidariedade às famílias que, assim como eu, estão sofrendo com a violência. A minha esperança é que o número de fotos nesse varal pare de crescer — afirmou Carlos Santiago.
Muitos parentes de vítimas, vindos até de outros estados, compareceram ao encontro.
O casal José Antônio e Adriana Barbosa e o filho Lucas, vieram de São Paulo especialmente para participar da manifestação:
— Meu filho, Luis Paulo Oliveira Barbosa, foi assassinado em dezembro de 2010 por um professor da Fatec Tiradentes, que continua dando aulas até hoje. Viemos aqui para confraternizar com nossos amigos, e porque queremos justiça. A dor é eterna, mas a punição do responsável ajuda a aliviar o coração — afirmou José Antônio.
Adriano de Franco, de 28 anos, irmão da engenheira Patrícia, desaparecida desde 2008, também marcou presença no evento:
— A gente precisa unir forças para lutar contra a violência e pedir empenho da justiça para casos não resolvidos.
Carlos Santiago diz que mantém contato com centenas de famílias vítimas da violência para oferecer ajuda e apoio psicológico:
— Já passei por uma tragédia e entendo como as famílias se sentem. Somos todos irmãos na dor. Conheci muitas pessoas, através do sitewww.gabrielasoudapaz.org, em que as pessoas podem entrar em contato comigo e se cadastrar para receber e-mails dos nossos movimentos.
O juiz Marcelo Alexandrino da Costa, que em outubro de 2010 foi baleado junto com os filhos em uma blitz da Polícia Civil, fez questão de comparecer à manifestação:
— Sou juiz e agora sei, na pele, que as pessoas vítimas da violência se tornam invísiveis. Eu e meus filhos estivemos entre a vida e a morte, e até agora os policiais que atiraram na gente não foram denunciados.
O advogado Carlos Alberto de Brito, de 53 anos, presidente do Movimento Rio Pede Paz — que presta apoio jurídico às famílias vítimas de violência — aproveitou a manifestação para anunciar um abaixo-assinado em prol das vítimas de bala perdida:
— Quero que as famílias recebam indenização sem a necessidade de aguardar o processo judicial, que em alguns casos podem levar anos. Algumas pessoas já conseguiram esse benefício, então eu quero estendê-lo à todas as famílias vitimadas.
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