Na segunda das três partes da entrevista que Michel Serdan concedeu ao blog NAS CORDAS, ele fala da época em que lutou mascarado, dos lutadores que viu nos ringues e da WWE no Brasil... Confira mais um pouco do bate-papo com o lendário MICHEL SERDAN!
Mas, você já lutou mascarado, né?
É, eu tinha um personagem que durou mais de dez anos e se chamava Mister X ou Senhor X. Conheci no ano de 1965 o empresário, famoso na época, pois cuidava das lutas do nosso Eder Jofre, Sr. Abraham Katznelson, que convidou-me para uma excursão, é o mesmo que trouxe os Gigantes do Ringue ao Brasil. Naquela época não dava para viver da luta-livre, então eu era funcionário do departamento de contabilidade da maior fabrica de biscoitos no Brasil, a Biscoitos Aymorés. Ficava na Barra Funda, onde hoje é a rede americana Walmart e era dirigida pelo meu amigo e patrão Sr. Carmine Urciolli e pelo seu filho Miltinho Urciolli, que patrocinavam as lutas na TV Excelsior do Edson "Bolinha" Cury e também me patrocinavam.
E como o Michel se transformou no Mister X?
Foi tudo muito simples: Katznelson chegou, perguntou quanto eu ganhava na Aymorés e fez uma proposta que aceitei na hora. No outro dia pedi demissão da fabrica. Eu tinha a maior vontade de lutar mascarado e propus lutar com o nome de "O Santo”, mas como o lutador mexicano de mesmo nome iria fazer umas exibições em nosso país, tive que optar por outro nome e, assim surgiu o Sr.X.
Já havia o Fantomas naquele tempo?
É, o único mascarado, no Brasil, naquela época era o Fantomas e o Mister X surgiu com um tipo de luta diferente e logo explodiu.
O que ele tinha de diferente?
A elegância do personagem, todo de branco... Aí, logo correu a história de que era um médico, filho de milionários e que os pais não podiam saber, sentiriam vergonha se soubessem que o filho era lutador. Esse personagem recebia uma média de 400 a 500 cartas por semana, a maioria solicitando serviços do médico. Naquele tempo tinha dessas coisas.
Por que, hoje não há mais lutadores mascarados, como há no México, no Japão...?
Eu tenho a minha versão, a minha opinião. Antigamente os lutadores eram mais profissionais. Os mascarados faziam o impossível para esconderem suas identidades. Em todos os anos de mascarado nunca ninguém perguntou se eu era o Mr. X. Nunca ouvi ninguém perguntar para o El Toro se ele era o Fantomas, ninguém sabia quem era o Cavaleiro Vermelho, quem era o Leopardo... Nós levávamos uma vida difícil, isolada. Éramos largados nas entradas das cidades onde íamos lutar para que passássemos despercebidos.
Sério?
Fazíamos nossas refeições em lugares diferentes do restante da equipe, nos hospedávamos em outros hotéis. Hoje, não acontece nada disso. Se um lutador for fazer uma estreia mascarado, antes de estrear já tem gente sabendo, então perde o encanto.
É o poder da internet... (risos)
Pois é! Conheci um lutador que pendurava sua fantasia na janela do apartamento, para todo mundo ver. Esse mesmo lutador colocava a esposa na primeira fila de cadeiras e ao entrar entregava a capa para ela, dava um beijinho e depois da luta saiam juntos.
E quem era esse lutador?
Não adianta perguntar que eu não falo! (risos) Conheci outros, mais recentemente, que para ganharem as mulheres combinavam sinais para que elas acreditassem que eram eles que estavam sob a roupa. Por isso tudo, os mascarados foram perdendo o encanto, fazendo com que nós, os empresários, perdêssemos o interesse. Existem alguns países em que o publico sabe quem é o mascarado, como o Rey Mistério, mas aí é outra cultura.
Quem foi o melhor lutador que você já viu num ringue?
Puxa, são mais de 50 anos de lutas. Vi muitos, mas muitos lutadores mesmo. Bons de verdade foram Cangaceiro, Caruso, Brandão, Butcher, Tigre Paraguaio, Brasão, Corisco, Falcão, Erivan Paulino... Dessa fase mais recente doGDR, que batizamos de "Evolution" não vou citar ninguém, porque aí não treinam mais. (risos)
E o pior?
Também vi muitos! Muito mais que os bons, mas não vou citar ninguém. Até porque eu acho que nenhum é totalmente ruim, ele é mal treinado, talvez por falta de tempo, de lugar ou por preguiça. Aliás, você quer me lascar, né? (risos) Os meus piores inimigos são os piores lutadores, pronto!
Durante algumas semanas, você esteve à frente de um programa da WWE no SBT. Por que não deu certo?
Não foram algumas semanas, foram exatamente três meses. A WWE é um fenômeno mundial. Na estreia chegamos a dar 18 pontos de pico na audiência. A TV Record, nessa época disputava com o SBT o 2º lugar em audiência e com a entrada da WWE, consolidou o seu lugar, incomodando muita gente. Mas o problema foi o horário: 16h da tarde e o Ministério Publico não aceitou pela violência, e quis obrigar o Sr. Silvio Santos a mudar o programa de horário e ele não aceitou. Então, foi obrigado a tirar do ar. O Brasil gosta da WWE e se derem certo algumas negociações também irão aprender a gostar da TNA.
Mas, você já lutou mascarado, né?
É, eu tinha um personagem que durou mais de dez anos e se chamava Mister X ou Senhor X. Conheci no ano de 1965 o empresário, famoso na época, pois cuidava das lutas do nosso Eder Jofre, Sr. Abraham Katznelson, que convidou-me para uma excursão, é o mesmo que trouxe os Gigantes do Ringue ao Brasil. Naquela época não dava para viver da luta-livre, então eu era funcionário do departamento de contabilidade da maior fabrica de biscoitos no Brasil, a Biscoitos Aymorés. Ficava na Barra Funda, onde hoje é a rede americana Walmart e era dirigida pelo meu amigo e patrão Sr. Carmine Urciolli e pelo seu filho Miltinho Urciolli, que patrocinavam as lutas na TV Excelsior do Edson "Bolinha" Cury e também me patrocinavam.
E como o Michel se transformou no Mister X?
Foi tudo muito simples: Katznelson chegou, perguntou quanto eu ganhava na Aymorés e fez uma proposta que aceitei na hora. No outro dia pedi demissão da fabrica. Eu tinha a maior vontade de lutar mascarado e propus lutar com o nome de "O Santo”, mas como o lutador mexicano de mesmo nome iria fazer umas exibições em nosso país, tive que optar por outro nome e, assim surgiu o Sr.X.
Já havia o Fantomas naquele tempo?
É, o único mascarado, no Brasil, naquela época era o Fantomas e o Mister X surgiu com um tipo de luta diferente e logo explodiu.
O que ele tinha de diferente?
A elegância do personagem, todo de branco... Aí, logo correu a história de que era um médico, filho de milionários e que os pais não podiam saber, sentiriam vergonha se soubessem que o filho era lutador. Esse personagem recebia uma média de 400 a 500 cartas por semana, a maioria solicitando serviços do médico. Naquele tempo tinha dessas coisas.
Por que, hoje não há mais lutadores mascarados, como há no México, no Japão...?
Eu tenho a minha versão, a minha opinião. Antigamente os lutadores eram mais profissionais. Os mascarados faziam o impossível para esconderem suas identidades. Em todos os anos de mascarado nunca ninguém perguntou se eu era o Mr. X. Nunca ouvi ninguém perguntar para o El Toro se ele era o Fantomas, ninguém sabia quem era o Cavaleiro Vermelho, quem era o Leopardo... Nós levávamos uma vida difícil, isolada. Éramos largados nas entradas das cidades onde íamos lutar para que passássemos despercebidos.
Sério?
Fazíamos nossas refeições em lugares diferentes do restante da equipe, nos hospedávamos em outros hotéis. Hoje, não acontece nada disso. Se um lutador for fazer uma estreia mascarado, antes de estrear já tem gente sabendo, então perde o encanto.
É o poder da internet... (risos)
Pois é! Conheci um lutador que pendurava sua fantasia na janela do apartamento, para todo mundo ver. Esse mesmo lutador colocava a esposa na primeira fila de cadeiras e ao entrar entregava a capa para ela, dava um beijinho e depois da luta saiam juntos.
E quem era esse lutador?
Não adianta perguntar que eu não falo! (risos) Conheci outros, mais recentemente, que para ganharem as mulheres combinavam sinais para que elas acreditassem que eram eles que estavam sob a roupa. Por isso tudo, os mascarados foram perdendo o encanto, fazendo com que nós, os empresários, perdêssemos o interesse. Existem alguns países em que o publico sabe quem é o mascarado, como o Rey Mistério, mas aí é outra cultura.
Quem foi o melhor lutador que você já viu num ringue?
Puxa, são mais de 50 anos de lutas. Vi muitos, mas muitos lutadores mesmo. Bons de verdade foram Cangaceiro, Caruso, Brandão, Butcher, Tigre Paraguaio, Brasão, Corisco, Falcão, Erivan Paulino... Dessa fase mais recente doGDR, que batizamos de "Evolution" não vou citar ninguém, porque aí não treinam mais. (risos)
E o pior?
Também vi muitos! Muito mais que os bons, mas não vou citar ninguém. Até porque eu acho que nenhum é totalmente ruim, ele é mal treinado, talvez por falta de tempo, de lugar ou por preguiça. Aliás, você quer me lascar, né? (risos) Os meus piores inimigos são os piores lutadores, pronto!
Durante algumas semanas, você esteve à frente de um programa da WWE no SBT. Por que não deu certo?
Não foram algumas semanas, foram exatamente três meses. A WWE é um fenômeno mundial. Na estreia chegamos a dar 18 pontos de pico na audiência. A TV Record, nessa época disputava com o SBT o 2º lugar em audiência e com a entrada da WWE, consolidou o seu lugar, incomodando muita gente. Mas o problema foi o horário: 16h da tarde e o Ministério Publico não aceitou pela violência, e quis obrigar o Sr. Silvio Santos a mudar o programa de horário e ele não aceitou. Então, foi obrigado a tirar do ar. O Brasil gosta da WWE e se derem certo algumas negociações também irão aprender a gostar da TNA.
Add a comment
Para ler a primeira e a terceira parte:
http://nascordasblog.blogspot.com.br/?view=classic