PIRATAS DO TIETÊ # 12
Por Marcus Ramone
Editora: Circo - Sampa - Revista mensal
Autor: Laerte (roteiros e desenhos).
Preço: Cr$ 1.800,00 (preço da época)
Número de páginas: 40
Data de lançamento: Janeiro de 1992
Sinopse
Reedição de seis HQs, originalmente publicadas nas revistas Chiclete com Banana, Circo e Circo Especial e estreladas pelos Piratas do Tietê, personagens criados pelo cartunista Laerte.
Positivo/Negativo
"De uns tempos para cá, Laerte mudou. Suas tiras deixaram de lado o humor mais convencional e os personagens e seguiram por um caminho muito mais complexo".
A observação acima - feita pelo jornalista Eduardo Nasi, no artigo Sinto muito, mas o Laerte é mais importante do que você, publicado no Universo HQ em 2009 - explica o que o cartunista deixou para trás em trabalhos como o desta edição de Piratas do Tietê, excepcionalmente composta por republicações.
Considerada por muitos leitores a melhor da série, é também a edição mais lembrada, dentre as 14 lançadas pela Circo - Sampa. Graças a ninguém menos que... Batman.
Em A terceira margem, o Cavaleiro das Trevas, cansado da vida heroica, vai a São Paulo para se unir aos piratas.
A parceria rendeu o ataque a uma festa de milionários, com direito a matança, pilhagem e estupro de mulheres.
No final, a impagável sequência em que Batman, embriagado, posa pensativo e com semblante tenso à beira do rio Tietê, enquanto o recordatório narrado por ele lança a dúvida sobre se o outrora herói deveria ou não revelar aos piratas um importante segredo.
Ele se decide e pergunta: "Vocês sabem qual é o segredo do morcego?". A resposta pode ser vista na imagem abaixo.
Humor escrachado e picante, característicos daquela fase de Laerte.
Basta perguntar a qualquer um que, na época, leu a HQ, para saber o quanto a brincadeira se espalhou entre os amigos da escola e do bairro. Era o tipo de tirada que nenhum garoto resistia em aplicar contra outro.
Mas Os Bandeirantes do Pinheiros - em parte narrado por um texto histórico sobre a bandeira chefiada por Bartholomeu Antunes Bicudo e Felippe Falcão, em 1722 - já mostrava uma fuga do convencional que o autor atualmente imprime às suas tiras.
É emblemática a última página da HQ, na qual os piratas esmagam um computador que os executivos de uma grande corporação empresarial apontam figurativamente como seu cofre. Ao ser arrebentada, a máquina vomita um imenso e valioso tesouro formado por moedas de ouro, joias e pedras preciosas.
A história original, publicada em Chiclete com Banana # 9, tinha três páginas a mais. Na versão reeditada em Piratas do Tietê # 12, outras duas foram adicionadas.
E ainda tem O poeta, estrelado por Fernando Pessoa declamando trechos de seus poemas enquanto navega pelo Tietê, atacado de todas as formas pelos piratas e mantendo a integridade física e as estrofes na ponta da língua. O final, em quadro de página inteira, é apoteótico.
Laerte também tem muito que ser admirado como artista gráfico e não apenas como "humorista".
É o que destaca Balada do Lobisomem, trazendo uma arte-final mais leve, sem contornos pesados, mostrando o talento do autor em elementos como luz e sombra, narrativa visual, perspectiva e detalhismo dos cenários.
Voltando ao artigo de Eduardo Nasi, "Laerte já foi um quadrinhista genial, talvez o melhor do Brasil", escreveu o jornalista.
Piratas do Tietê # 12 não deixa dúvidas sobre isso.
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