quinta-feira, 11 de outubro de 2012

MÃE DE ASSALTANTE DE MÉDICA: TUDO POR CAUSA DO VÍCIO



ZERO HORA 11 de outubro de 2012 | N° 17219

MÉDICA BALEADA. Mãe de assaltante se diz aliviada com prisão. Mulher afirma que o envolvimento com drogas destruiu vida de seu filho

ANDRÉ MAGS


Por trás do assalto em que a médica Simone Teixeira Napoleão, 49 anos, foi baleada, em frente à Redenção, em Porto Alegre, está uma história de envolvimento com drogas. Depois de anos de convívio com a dependência do filho, a mãe de Eduardo Paulon Madruga, 21 anos, sentiu alívio com a prisão, negociada com a Brigada Militar (BM) pelo pai do jovem.

– A rua é mais perigosa do que o presídio – desabafou ontem a mulher, um dia depois de Eduardo ser levado ao Presídio Central.

O vício prevalecia desde os 17 anos, diz a mãe, uma telefonista de 43 anos, que pediu para não ser identificada, mas foi no meio deste ano que a situação se agravou. Um notebook desapareceu. A seguir, sumiu o aparelho de DVD da família. Pessoas apareciam para cobrar dívidas de Eduardo. Os pais o internaram em um hospital na Zona Sul, mas ele fugiu depois de quatro dias. O vício teria levado o jovem e seu parceiro, José Lucas Peixoto Mesquita, 18 anos, a atacar a médica. O caso é tratado pela polícia como tentativa de roubo ao carro da pediatra.

Serviço de Inteligência da BM negociou a rendição da dupla

A dupla foi presa na terça-feira da semana passada, horas depois do assalto. Liberados em meio a um desentendimento entre Justiça e Ministério Público, os dois foram para casa enquanto a médica lutava pela vida, internada no Hospital de Pronto Socorro (HPS). Somente à noite, o pedido de prisão preventiva de Eduardo e Mesquita foi aceito. O mandado de prisão, no entanto, só poderia ser cumprido após o término do período eleitoral, na última terça-feira.

Entrou em ação, então, o Serviço de Inteligência do Comando de Policiamento da Capital (CPC). Foram de dois a três telefonemas por dia ao pai de Eduardo, o motorista Luis Antonio Machado Madruga, até que ficou acertada a sua colaboração, relata o comandante do CPC, coronel Alfeu de Freitas Moreira. Às 17h10min da última terça-feira, uma viatura da BM parou junto à casa da família, no bairro Santa Tereza, já com Mesquita dentro. O pai o acompanhou até o carro.


ENTREVISTA. “Quebra as duas pernas dele” - Mãe de Eduardo Paulon Madruga


A telefonista de 43 anos, que pediu para não ser identificada, falou com Zero Hora em sua casa, no bairro Santa Tereza:

Zero Hora – Por que o Eduardo teria atacado a médica?

Mãe – Foi tudo por causa do vício da droga. Ele foi internado no mês passado, mas fugiu. Ele não queria se tratar. Vendeu tudo que é coisa por causa da droga, a gente tinha que esconder o secador de cabelo debaixo da cama. Vinham aqui em casa cobrar dinheiro que ele devia. Até que ele saiu para roubar R$ 20 ou R$ 30 de uma bolsa (da médica). Eles queriam a bolsa da mulher, o celular. Não queriam o carro.

ZH – O Eduardo estava trabalhando? Estudava?

Mãe – Agora não estava mais trabalhando, acho que por causa da droga. Mas ele estudou, fez cursos. Mas aqui é assim. De cem jovens, só um não se envolve (com drogas).

ZH – Que drogas ele usava?

Mãe – Cocaína. Também maconha. Crack, eu não sei.

ZH – A decisão de chamar a polícia foi o último recurso?

Mãe – A gente não sabia mais o que fazer, estávamos enfrentando uma barra pesada. Ele levou tudo o que tinha em casa para trocar por droga. Ele quebrou vidro, quebrou porta. Aí eu disse para o pai dele: dá uma camaçada de pau e quebra as duas pernas dele.

ZH – Um dia o Eduardo sai da prisão. Como vai ser?

Mãe – Eu não sei. Tinha que ter um tratamento para largar esse vício, e ele querer se tratar.

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