terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sérgio Zambiasi: Uma dor sem fim...


Uma dor sem fim

28 de janeiro de 20131
Indescritível talvez seja a expressão mais adequada para tentar explicar a comoção que tomou conta de todos depois da tragédia na boate de Santa Maria. Mesmo tentando manter a calma necessária para filtrar e relatar aos ouvintes da Farroupilha as informações que vinham do local foi impossível conter a emoção. O nó na garganta, quando uma pessoa disse que enquanto os corpos dos jovens mortos na festa eram colocados lado a lado no ginásio, seus telefones tocavam sem parar. Tentei me imaginar do outro lado, como pai, tentando localizar um filho ou uma filha que ao final da madrugada ainda não chegou em casa, as notícias do desastre pipocando de todos os lados e a ligação chamar até cair, sem ninguém atender.
Aliás, a presidente Dilma retratou todos esses sentimentos em sua primeira manifestação, ainda no Chile, quando interrompeu seu pronunciamento para as famílias das vítimas por não conseguir conter o choro. Mas a comoção não parou com a contagem final dos mortos e sua identificação. Para muitos parentes e amigos, só hoje a ficha começa a cair. O corre-corre e o estresse de ontem deixou a maioria das pessoas tontas, catatônicas.
A dor hoje é maior. Centenas de famílias e amigos dos jovens que morreram naquele local que deveria ser de descontração e alegria, fazem a mais triste, a mais dolorida de todas as cerimônias, o velório e sepultamento de seus entes queridos. É uma dor sem fim. Muitas perguntas ficam no ar: como funciona a liberação dessas boates e casas de espetáculos? Como são fiscalizadas? Onde ficam expostos os alvarás? Como pode uma casa com espaço para uma festa de mais de duas mil pessoas não ter saída de emergência? Como pode seguranças da parte interna não terem comunicação com seus colegas da parte externa? O tipo de material usado para o revestimento acústico é adequado? A falha foi geral, o local era inapropriado e a fiscalização, frouxa. Este é um momento trágico, de comoção coletiva. No mínimo, em memória dos jovens mortos e em respeito à dor de suas famílias, está na hora de revisar alguns conceitos em relação às facilidades que alguns donos dessas ditas casas de espetáculo conseguem para obter suas licenças de funcionamento.
Chega de jeitinho, favorzinho, vista grossa e outras “cositas más”, comuns no meio. O resultado é a perplexidade popular pela dimensão da tragédia que abalou o Brasil.
Até amanhã, com a graça de Deus.
fonte: http://wp.clicrbs.com.br/zambiasi/2013/01/28/uma-dor-sem-fim/?topo=52,1,1,,119,e119

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